Consolidação dos serviços de alimentação gera boas perspectivas entre empresários do setor

26/09/2012 - 20h13

Guilherme Jeronymo
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – A consolidação do segmento de alimentação como principal empregador no setor de serviços não financeiros no país foi confirmada na Pesquisa Anual de Serviços (PAS) 2010, divulgada hoje (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A expansão dos negócios é motivo de otimismo para empresários e entidades do setor.

Na pesquisa do IBGE, com dados de 2010, as empresas que prestam serviços de alimentação aparecem liderando o grupo de serviços prestados às famílias em geração de receita, com R$ 55,7 bilhões; em ocupação, com cerca de 1,4 milhões de pessoas empregadas; em número de empresas, com 193.309 unidades; em salários e remunerações, com R$ 13,1 bilhões, e em valor adicionado bruto, com R$ 28,3 bilhões.

“O mercado tem crescido e a gente tem se apresentado mais ao mercado. O crescimento tem ocorrido principalmente no mercado de casamentos. As pessoas estão fazendo investimentos maiores em seus eventos, em suas festas”, disse o empresário Gerardo Ruiz, dono de um bufê no bairro carioca da Tijuca, na zona norte da cidade.

Há 17 anos no ramo, Ruiz está otimista e sua empresa, que tem três funcionários fixos e tem uma média de 15 a 20 trabalhadores autônomos durante os eventos, fez investimentos em 2012, com apoio de programas de financiamento com capital de giro do governo federal e consultoria do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) do Rio de Janeiro.

Com os recursos, que foram aplicados em uma cozinha industrial e em um automóvel utilitário, além da renovação de materiais usados no cotidiano, o empresário espera um retorno financeiro melhor em 2013, com aumento de receita e o atendimento a um público mais exigente, com uma gama de pedidos mais elaborada. Suas expectativas são maior retorno financeiro e poder contratar mais funcionários, dividindo as tarefas gerencias que lhe sobrecarregam.

Apostando em inovação, o chefe de cozinha Joaquim Pedro Paes Leme também investiu na área nos últimos anos, primeiro com um bufê, que gerencia há quatro anos, a partir da cidade de Niterói, na região metropolitana do Rio.

O negócio, que tem seis funcionários fixos, obteve bons resultados e lhe permitiu uma aposta mais ousada: uma empresa que fabrica bolos de polenta, em formato de copinhos, com recheios delicados. Iniciada em março, a nova empreitada vende hoje 52 mil unidades mensais, cerca de 30% da capacidade produtiva, e tem cinco funcionários.

“Foi até surpreendente para gente, não esperava que o retorno viesse tão rápido, que tivesse uma aceitação tão boa”, disse Leme. A empresa de Paes Leme teve a automatização toda adaptada e planejamento prévio, com fase de testes e estudos de gerenciamento e marketing.

O empresário espera recuperar os investimentos em dois anos, em um mercado aquecido. “Hoje em dia as pessoas estão cada vez mais exigentes, até porque você tem muita opção. Isto exige das indústrias e empresas mais qualidade, que bota o mercado cada vez mais movimentado, com produtos novos e melhores”, disse.

O crescimento do ramo tem sido sentido pela seção carioca do Sebrae, que estrutura 26 pontos de atendimento ao setor no estado, 16 deles apenas na capital. “Só na cidade do Rio a gente tem aproximadamente uns 12 mil restaurantes e 15 mil bares. O consumo está aumentando e o maior desafio talvez seja impedir o fechamento de empresas. A maior parte dos empresários ainda abre os empreendimentos sem conhecimento de gestão”, diz a coordenadora de Projetos de Gastronomia do Sebrae-RJ, Louise Nogueira.

Apesar da necessidade de planejamento cuidadoso e profissionalização dos empreendedores individuais e pequenos empresários, o bom momento do setor dá uma taxa de sobrevivência entre as melhores considerando os negócios do setor de serviços e tem refletido sobre toda a cadeia produtiva, com boa perspectiva de se tornarem sustentáveis, característica que o Sebrae atribui aos empreendimentos que se mantém por mais de cinco anos.

Edição: Fábio Massalli