Marcha contra a Corrupção em Brasília reúne menos público neste ano

07/09/2012 - 18h02

Alex Rodrigues*
Repórter Agência Brasil

Brasília – Mesmo com sol forte e baixa umidade relativa do ar, milhares de pessoas, sobretudo jovens, participaram, na Esplanada dos Ministérios, da Marcha contra a Corrupção. Em sua quarta edição, o ato reuniu menos gente que em anos anteriores. No ano passado, por exemplo, segundo a Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF), a marcha reuniu 25 mil pessoas em movimento pacífico.

A redução do número de participantes foi atribuída pelos organizadores, entre outros motivos, como o clima e o feriado emendado com o fim de semana, à demora das autoridades em liberar o carro de som do movimento para acompanhar os manifestantes. Eles contavam com o carro de som para atrair parte do público que acompanhava o desfile oficial do Sete de Setembro, realizado do outro lado da avenida.

De acordo com Cláudia Cunha, uma das organizadoras do Movimento Brasil contra Corrupção (MBCC), já se esperava que a marcha atraísse menos gente, em razão do calor e do clima seco dos últimos dias. Mas, para ela, a “proibição” de que o movimento usasse o carro de som resultou em um número ainda menor que o esperado.

Inicialmente, o carro de som foi impedido de seguir junto com os manifestantes que se concentravam entre o Museu da República e a Biblioteca Nacional, o que não ocorreu em anos anteriores. Quando o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) autorizou a saída do veículo, os manifestantes haviam alcançado a Praça dos Três Poderes e o desfile oficial já havia terminado.

De acordo com Cláudia, a proibição partiu da Presidência da República e, na sua avaliação, serviu para desmobilizar os protestos contra a classe política. “Fomos proibidos pela Presidência de descer [o Eixo Monumental com o carro de som] para ajudar a movimentar a marcha e, inclusive, apoiar a segurança dos participantes”, disse ela à Agência Brasil.

“Isso com certeza diminuiu a adesão popular à marcha. Sem o carro de som, muitas pessoas que estavam do outro lado do Eixo Monumental não ficaram sabendo do movimento e foram embora assim que o desfile acabou”, acrescentou Marcos Freire, outro dos organizadores do MBCC.

De acordo com o coronel da Polícia Militar, Jailson Ferreira Braz, responsável pelo policiamento da área, o carro de som foi impedido de avançar devido a um acordo entre o governo do Distrito Federal e a Presidência da República para garantir a segurança da população. “Temos um acerto com a Presidência da República que prevê a interdição da via ao tráfego de veículos em geral. Tanto que os estacionamentos [dos ministérios] não puderam ser usados pela população”, disse.

Lembrado de que, em anos anteriores, o carro pôde acompanhar a marcha, o coronel disse apenas que a “demora na liberação do carro de som” não dependia dele. “Estou aqui para apoiar, inclusive, a Presidência da República. E o trânsito em geral não foi liberado até agora [13h]”.

Procurada, a assessoria de imprensa da Presidência respondeu que a questão é responsabilidade da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal e que não tinha informações sobre o que aconteceu.

A PM-DF estima que entre 3 mil e 5 mil pessoas participavam do ato no momento em que o grupo deixou o local de concentração, portando faixas e cartazes pedindo o fim da impunidade. Já os organizadores calcularam que, somadas as pessoas que aderiram ao ato durante o percurso, o número total foi duas vezes maior. Segundo a PM-DF, somados todos os eventos, incluindo a cerimônia oficial, cerca de 38 mil pessoas compareceram à Esplanada dos Ministérios, onde também ocorreu o Grito dos Excluídos.

Na marcha, havia gente de todas as idades, mas a maioria dos participantes era jovem, de estudantes adolescentes. Apartidário, o movimento não permite a presença de políticos no alto do carro de som, nem faixas de partidos políticos. Este ano, entre as palavras de ordem, estavam as cobranças de punição aos réus do caso mensalão, que estão sendo julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e a já habitual reivindicação de que os parlamentares, ao analisarem projetos de interesse nacional, como a cassação de seus pares, sejam obrigados a declarar seu voto, o chamado voto aberto.

*Colaborou Luciene Cruz

Edição: Lana Cristina//A matéria foi ampliada às 17h46