Vida e arte de Bispo do Rosário podem ser conferidas na obra de Geraldo Motta em cartaz no Rio

26/08/2012 - 12h10

Paulo Virgilio
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Melhor filme pelo júri popular do Festival do Rio de 2010, O Senhor do Labirinto, de Geraldo Motta, que estreou ontem (26), no Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro (IMS-RJ), dentro da mostra de cinema Imagens do Inconsciente, ficará em cartaz até 7 de outubro.

O filme conta a história de Arthur Bispo do Rosário, esquizofrênico que, ao longo das cinco décadas em que permaneceu internado em instituições psiquiátricas, produziu um acervo de objetos, bordados e estandartes, hoje considerado como uma referência na arte contemporânea brasileira.

O Senhor do Labirinto é baseado no livro do mesmo nome, escrito por Luciana Hidalgo e lançado em 1997. A autora do livro escreveu o roteiro do filme juntamente com o diretor Geraldo Motta. O ator Flávio Bauraqui interpreta Bispo do Rosário, à frente de um elenco que tem ainda nomes como Maria Flor e Irandhir Santos.

Criada na clausura da Colônia Juliano Moreira, na zona oeste do Rio, a obra de Bispo do Rosário ganhou o mundo depois da morte do artista, em 1989. As exposições realizadas desde então atraíram um público de 350 mil pessoas no Brasil e de 400 mil no exterior. Entre outros importantes espaços culturais, seus estandartes, bordados e objetos foram exibidos na Bienal de Veneza, em 1995, e no Museu Jeu de Paume, em Paris, em 2003.

Bispo do Rosário, no entanto, nunca se considerou um artista plástico. Para ele, tudo o que produzia destinava-se à sua apresentação a Deus, no dia do juízo final. O misticismo marcou a vida do artista, sergipano nascido em 1909, descendente de escravos africanos.

Em 1938, perambulando pelas ruas do Rio de Janeiro, sem documentos, e proclamando-se enviado de Deus, acabou sendo detido, fichado como louco e internado no Hospício Pedro II, que ocupava o prédio da Avenida Pasteur, na Urca, zona sul da cidade, onde hoje funciona um dos campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Um mês depois, foi transferido para a Colônia Juliano Moreira.

Aberta no último dia 10, a mostra Imagens do Inconsciente segue até o dia 31, como um evento paralelo à exposição de desenhos e pinturas Raphael e Emygdio: dois modernos no Engenho de Dentro. Entre os filmes que serão exibidos, estão três do cineasta Leon Hirszman (1937-1987), realizados a partir do trabalho da médica psiquiatra Nise da Silveira (1905-1999), que estimulava a prática de atividades artísticas para o fortalecimento psíquico de seus pacientes do então Centro Psiquiátrico Nacional, no bairro do Engenho de Dentro, zona norte do Rio.

Edição: Lana Cristina