Crescimento em julho pode ser sinal de melhora da economia no segundo semestre, diz Ibre/FGV

17/08/2012 - 23h02

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

A atividade econômica brasileira registrou crescimento dessazonalizado (livre de variações do período) de 0,75% em junho, na comparação com maio deste ano, segundo o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br).

Para o superintendente adjunto de Ciclos Econômicos do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Aloisio Campelo, o crescimento em junho é o melhor resultado do ano, mas vem de três resultados muito fracos. “O IBC tinha caído em março, depois ficou muito próximo de 0% em abril e 0% em maio”. Campelo destacou, contudo, que não deixa de ser um sinal favorável de reação da demanda, uma vez que havia dúvida em relação à capacidade das famílias brasileiras se endividarem ainda mais.

O economista da FGV disse que, embora o consumidor tenha ajustado um pouco as suas contas, o que levou a inadimplência a parar de subir foi a nova situação de taxa de juros mais baixa no país, aliada às medidas de estímulo à economia. Esses sinais levam a crer que o resultado do IBC de junho pode ser um primeiro sinal de aceleração da economia no segundo semestre.

As sondagens efetuadas pela FGV, entretanto, não captaram um mês de julho muito favorável. “A impressão que a gente tem é que os segmentos que estão sendo influenciados pelo Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) mais baixo estão melhorando”, disse. Outros setores, ao contrário, ainda “estão devagar” ou até piorando.

Um dos setores em compasso moderado é o de material de escritório e informática. Campelo avalia que esse segmento pode estar sendo influenciado pelo câmbio mais alto. “É um segmento que tem a ver com investimento”. Segundo Campelo, os investimentos ainda não aceleraram no Brasil, devido, em parte, às incertezas trazidas pela crise internacional. “O que está acelerando é o consumo”.

Na avaliação de Campelo,o resultado do IBC-Br tem um lado favorável que é a sinalização que os impactos da redução do IPI tiveram efeito e que isso foi importante, no momento, para a economia brasileira. Ele ressaltou, entretanto, que outros segmentos ainda não estão sentindo isso.

A indústria como um todo permanece apresentando resultados fracos. “Apesar de o setor automobilístico ter conseguido ajustar seus estoques. O otimismo não vai muito além de agosto, quando termina o período (de redução) do IPI”.

Campelo insistiu que a economia, no início do segundo semestre, pelas sondagens da FGV, não está dando sinais claros de que o crescimento apontado pelo IBC-Br está espalhado. “Isso terá que ser acompanhado ao longo do terceiro trimestre, para ver se consolida essa recuperação. Aí, a gente chega na fase de voltar a contratar mais e investir mais”, disse Aloiso Campelo.

Edição: Fábio Massalli