Daniel Lima, Pedro Peduzzi, Sabrina Craide e Yara Aquino
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - O presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e das Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, disse que a iniciativa privada vai corresponder ao Programa de Investimentos em Logística, anunciado hoje (15) pelo governo federal. Apesar de considerar o programa como “ousado”, Godoy classifica-o, também, como “factível”.
“O plano é factível, mesmo porque a iniciativa privada nunca deixou de corresponder ao chamamento do governo nos casos de concessões. É isso o que vai acontecer. Tendo regras claras, segurança jurídica e rentabilidade adequada, haverá empresas que vão se responsabilizar [por ele] e financiadores”, disse o presidente da Abdib.
Na avaliação de Godoy, o governo deu “sinal claro [aos empresários] de que haverá uma ampliação do modelo de concessão”. “Com isso, vamos completar um ciclo muito importante na área de transporte para ver se, em cinco anos, melhoramos a competitividade da economia e diminuímos o custo da logística. Acho que em cinco ou seis anos já vamos sentir melhorias na competitividade da economia brasileira.”
Desconsiderando a área de petróleo e gás, estima-se que o Brasil precise investir nos próximos cinco anos apenas em infraestrutura de transporte o equivalente a 4% do Produto Interno Bruto (PIB) ao ano, para atingir o patamar do Chile, conforme Godoy. "Se atingirmos 6%, chegaremos ao patamar da China.”
Apesar da crise financeira internacional, o empresário acredita que o plano poderá ser beneficiado com investimento externo. “A única alavanca que deveremos ter [do exterior] será na emissão de debêntures de infraestrutura. Vamos procurar vender para investidores externos. Vai ser a maior contribuição que o setor de crédito internacional dará ao programa”. Debênture é um título de crédito representativo de empréstimo que uma companhia faz com terceiros.
A concessão de rodovias e ferrovias teve repercussão positiva entre empresários de outros ramos e governadores presentes no lançamento do plano no Palácio do Planalto. O programa prevê R$ 133 bilhões em investimentos nos próximos 25 anos, sendo R$ 42 bilhões para rodovias e R$ 91 bilhões para ferrovias.
Na avaliação do vice-presidente de Relações Internacionais da Marcopolo, empresa da área de carrocerias, José Martins, a melhoria da infraestrutura de transportes vai atrair investimentos em cascata e beneficiar a economia de forma geral.
“Os agricultores serão beneficiados porque terão acesso às fazendas com mais frequência. O ônibus, em vez dos carros, será mais utilizado porque teremos estradas boas para trafegar atraindo passageiros. As cargas, via trem, serão levadas de forma mais rápida ao destino e de forma muito mais barata do que o transporte rodoviário”, disse Martins, que integrou o grupo de empresários que reuniu-se com a presidenta antes da construção do plano.
O empresário do ramo de siderurgia, Jorge Gerdau, estimou os efeitos do programa para breve, embora o prazo de investimento previsto é prazo de até 25 anos. “Assim que essas obras começarem, tem efeito. Até o final do ano, esses contratos devem começar a andar. As metas devem ser custos eficientes, custos competitivos e qualidade de serviços.”
O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, destacou que as concessões são uma forma de ampliar a capacidade de investimentos, sem imobilizar recursos do Estado para áreas sociais. O governador de Mato Grosso, Silval Barbosa, estado com forte atividade agropecuária, destacou que a ampliação da infraestrutura de transportes beneficiará o escoamento da produção.
“Para Mato Grosso, resolve praticamente a grande parte dos problemas de escoamento da nossa produção. O trecho de ferrovia e o de estrada, somadas às obras do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento], traz um ganho importantíssimo de logística. Acho que agora o Brasil vai. É um programa arrojado de logística.”
Edição: Carolina Pimentel//Matéria ampliada às 15h46
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