Advogado do ex-deputado Roberto Jefferson diz que denúncia do mensalão foi usada para calar acusadores

07/08/2012 - 21h53

Débora Zampier
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O advogado Luiz Francisco Corrêa Barbosa, que representa Roberto Jefferson no processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), disse hoje (7) que a denúncia foi oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF) para calar as pessoas que poderiam detalhar o esquema de compra de votos.

Corrêa explicou seu ponto de vista a jornalistas, ao fim da sessão desta terça, com uma referência à acusação contra Geiza Dias, ex-gerente financeira da empresa de publicidade SMP&B. “Denunciaram essa moça como foi denunciado Roberto Jefferson, para silenciá-los, para não acontecer nada. Foi de caso pensado que fizeram isso”.

Nesta tarde, a defesa de Geiza disse que ela poderia ter revelado mais informações sobre o mensalão se tivesse participado do processo como testemunha, e não como ré. No direito penal, a testemunha é obrigada a falar somente a verdade sob pena de cair no delito de falso testemunho. Já o réu não é obrigado a falar tudo o que sabe para não produzir prova contra si.

“Esse castelo de cartas que começou a cair ontem, com a notável sustentação do Marcelo Leonardo [advogado de Marcos Valério], aquilo foi arrasador, foi um tsunami. Hoje temos apenas um rescaldo, uma coluna que ainda não caiu. Sobrou alguém ali embaixo, eu acho que ali embaixo vai estar o procurador [responsável pela denúncia] e nós vamos desmascarar isso”, disse Corrêa.

De acordo com o advogado de Jefferson, a ação penal foi “açodada” e “incompleta”, argumento que será uma das linhas de defesa a ser apresentada na próxima segunda-feira (13), quando está agendada sua sustentação oral. “Há razões que a própria razão desconhece. As coisas terem sido feitas dessa forma, não sei para servir a quem”.

Um dos exemplos de pouca perícia do Ministério Público apontado por Corrêa foi o fato de os procuradores não terem demonstrado a origem de verbas ilícitas. “A denúncia fala 13 vezes que não sabe de onde veio o dinheiro. Se não sabe, aprofunda e vai saber”.

Edição: Lana Cristina