Esquema de segurança será montado para o acesso de parlamentares aos documentos da CPMI do Cachoeira

03/05/2012 - 20h59

Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil

A partir da próxima segunda-feira (7), os membros da comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) que investigará as denúncias envolvendo o empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e agentes públicos e privados poderão ter acesso aos documentos das operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal (PF). Para isso, um esquema especial de segurança será montado até a noite de domingo (6) no Senado.

O presidente da CPMI do Cachoeira, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), anunciou hoje (3) que uma sala está sendo adaptada para receber três cabines com computadores onde os parlamentares poderão fazer pesquisas nos documentos sigilosos das operações.

Para ter acesso à sala, os deputados e os senadores deverão assinar um termo de confidencialidade, deixar de fora seus celulares e aparelhos eletrônicos e só poderão fazer registros do que lerem, virem ou ouvirem com papel e caneta. Eles não poderão receber ajuda de assessores e nem imprimir cópias de trechos dos inquéritos da PF.

O relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG), deverá ter um acesso especial que ainda não foi definido.

Vital do Rêgo explicou que, por se tratar de documentos que estão em segredo de Justiça, a única alternativa ao esquema especial que está sendo criado seria a leitura do material em sessão secreta. Isso, na opinião dele, levaria a “discussões eternas” na comissão e seria contraproducente.

“O regimento permitia que os documentos sigilosos fossem lidos em sessão secreta. Então, para ter acesso a esses documentos, seguindo essa linha, a partir de segunda-feira eu teria que começar a ler em sessão secreta as 15 mil páginas, seria algo absolutamente improdutivo”, explicou o senador.

Na sala, não haverá acesso à internet e o local será monitorado por câmeras. Na porta, do lado de fora, um policial legislativo fará a segurança e garantirá que os parlamentares obedeçam as regras.

O esquema de segurança tem o objetivo de evitar novos vazamentos de informações das operações, especialmente para a imprensa. Reportagens em revistas, jornais e televisão já mostraram trechos de gravações feitas pela Polícia Federal nos quais a quadrilha do Cachoeira teria tratado de suborno, tráfico de influência e fraude a licitações com funcionários públicos e executivos da construtora Delta.

O grupo chefiado por ele é acusado de controlar jogo do bicho e outros jogos ilegais em Goiás e de ter influenciado a contratação da Delta para obras no estado goiano o e no Distrito Federal. O dinheiro da propina paga aos funcionários públicos viria, segundo as informações vazadas dos inquéritos policiais, dos contratos da construtora.

Os áudios, os vídeos e os textos que constam no inquérito da Operação Vegas já foram entregues ao senador Vital do Rêgo em nove mídias eletrônicas que serão repassadas a um funcionário do Serviço de Processamento de Dados do Senado (Prodasen) para serem disponibilizadas nos computadores da sala especial.

Os parlamentares, inclusive os suplentes da CPMI, terão acesso ao material de segunda a sexta-feira, em horário a ser definido. Na próxima semana, o presidente da comissão espera receber o inquérito da Operação Monte Carlo para que eles também possam ser disponibilizados segundo o esquema sigiloso.

“Eu tive que fisicamente adaptar a sala e tecnologicamente adaptar a informação. Eu recebi as mídias do Supremo Tribunal Federal (STF) todas compactadas. Então nós tivemos que desenvolver sistemas para ler e adaptar as três máquinas. Nós vamos nos próximos três dias estar desenvolvendo esses sistemas para deixar esse material nos computadores e garantir que ele não será reproduzido”, explicou o senador.

A próxima audiência da CPMI do Cachoeira está marcada para terça-feira (8), com depoimentos dos delegados da Polícia Federal envolvidos nas investigações. Como eles deverão tratar de informações secretas, a reunião será restrita aos membros da comissão, sem o acompanhamento da imprensa.

Edição: Carolina Sarres