Deputados da oposição visitam obras de transposição do São Francisco e criticam baixa execução

23/03/2012 - 21h38

Mariana Jungmann e Iolando Lourenço
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - Um grupo de parlamentares da oposição visitou hoje (23) as obras de transposição do Rio São Francisco no município de Mauriti (CE) e saíram de lá com duras críticas sobre a condução do projeto pelo governo.

A principal queixa dos oposicionistas é quanto ao aumento do preço da obra sem resultados concretos. Inicialmente, a transposição do Rio São Francisco estava orçada em R$ 4,5 bilhões. O valor já foi aumentado seguidas vezes e atualmente está previsto que a obra custará R$ 8,2 bilhões.

“A obra não só está parada como há um grave processo de deterioração, com erosões, crescimento da vegetação, concreto sendo perdido. Uma obra que em 2012 foi repactuada quase no dobro do valor inicial. E ainda com cheiro de novos aumentos de preços”, disse o líder do PSDB na Câmara, deputado Bruno Araújo (PE).

Araújo conta que viu casos de pessoas que tiveram as terras desapropriadas e agora estão em situação difícil. "O que nós vimos é um descaso não só com o dinheiro público, mas também com a criação de falsa expectativa para uma população de uma região pobre”. Ainda de acordo com Araújo, dos 16 lotes da obra só os dois onde o Exército trabalhou chegaram a 90% de execução.

Depois da experiência nas obras do São Francisco, os deputados de oposição pretendem percorrer o país para fiscalizar o investimento público em outras áreas. No que eles chamam de Caravana da Verdade, os parlamentares querem observar os gastos nas áreas de saúde, educação, meio ambiente, entre outras coisas. “Estou convencido da necessidade de montar uma caravana para contrapor a propaganda oficial do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]”, disse Araújo, que falou com a Agência Brasil em nome da comitiva.

Participaram da visita ao Ceará os deputados Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE), Vanderlei Macris (PSDB-SP), Nilson Leitão (PSDB-MT), Eduardo Azeredo (PSDB-MG), César Colnago (PSDB-ES), Eduardo Gomes (PSDB-TO), Carlos Brandão (PSDB-MA), Simplício Araújo (PPS-MA) e Felipe Maia (DEM-RN).

Também hoje o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, visitou outro trecho das obras. Bezerra esteve em Pernambuco, onde se encontrou com os representantes dos consórcios executores para cobrar metas e resultados. Segundo informações do ministério, 11 dos 16 lotes estão em atividade e mais um será retomado até o final de março. Em outros três, os contratos estão sendo rescindidos e uma nova licitação deverá ocorrer até o final de abril.

De acordo com texto na página do Ministério da Integração,  “o novo investimento de R$ 8,2 bilhões resulta do acréscimo de novas condicionantes ambientais exigidas pelo Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis], serão mais de R$ 900 milhões de recursos para esta área, da revisão de obras civis em decorrência dos projetos executivos, dos gastos com eletromecânica e da supervisão e do gerenciamento da obra em função do prolongamento do prazo”.

Atualmente 3,5 mil pessoas trabalham no Projeto de Integração do Rio São Francisco. Esse número deve chegar a 6,5 mil até o fim do ano.

 

Edição: Rivadavia Severo