Juiz suíço deixa tribunal que julga crimes de guerra no Camboja

19/03/2012 - 14h24

Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil


Brasília –  O juiz suíço Laurent Kasper-Ansermet, um dos responsáveis pelo julgamento de crimes de guerra de integrantes do Khmer Vermelho, pediu hoje (19) afastamento definitivo do caso. Ele foi o segundo magistrado a deixar o processo nos últimos cinco meses. Antes de deixar o caso, Kasper-Ansermet acusou o juiz cambojano You Bunleng de bloquear as investigações.

“O juiz Laurent Kasper-Ansermet considera que as circunstâncias atuais já não lhe permitem cumprir os seus deveres de forma adequada e livre”, informou o tribunal, em comunicado. “A oposição ativa de You Bunleng às investigações aos casos 003 e 004 provocou uma situação disfuncional”, disse o juiz suíço.

Em outubro do ano passado, o juiz alemão Siegfried Blunk também abandonou o tribunal – que depende do apoio da Organização das Nações Unidas (ONU). O alemão deixou o caso informando que as atividades estavam sendo prejudicadas por interferências do governo do Camboja.

Integrantes do Khmer Vermelho são acusados de participação em massacres e torturas, além da imposição de trabalhos forçados no período de 1975 a 1979. Cerca de 2 milhões de pessoas foram mortas durante o regime comunista do Khmer Vermelho, liderado por Pol Pot.

No primeiro julgamento, o tribunal condenou à prisão perpétua Kaing Guek Eav, conhecido como Duch, por ter comandado o campo de torturas Tuol Sleng, no qual morreram mais de 15 mil pessoas.

Nuon Chea, conhecido como Irmão Número Dois, e o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Ieng Sary e ex-chefe de Estado Khieu Sampha aguardam julgamento. Ambos negam as acusações de crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio.

 


*Com informações da agência pública de notícias de Portugal, Lusa   //   Edição: Lílian Beraldo