Redução alta dos juros foi por causa do crescimento baixo de 2011, diz economista da FGV

08/03/2012 - 0h34

Douglas Corrêa
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir pela quinta vez consecutiva a taxa básica de juros (Selic) não tem relação direta com a “guerra cambial”, com a injeção de quase R$ 9 trilhões no mercado financeiro por parte dos bancos centrais dos países mais desenvolvidos, principalmente a Europa, nos últimos três anos.

A avaliação é do economista e pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV) Fernando de Holanda Barbosa Filho. “Eu acredito que essa decisão do Banco Central em reduzir a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual deve-se a divulgação do PIB [Produto Interno Bruto] realizada ontem, onde o Brasil cresceu somente 2,7% em 2011. Junto com isso, a inflação está em queda em relação ao ano passado, quando fechou o ano de 2011, no topo da meta de 6,5%, e este ano ela já está convergindo e deve fechar o ano com a taxa de 5,5% a 5%”.

Fernando de Holanda disse que com o PIB divulgado ontem e a redução da inflação são os fatores primordiais que determinam a queda na taxa de juros. “Eu não acho que tenha relação com a expansão de liquidez no mercado externo, devido à crise europeia, mais especificamente”.

O economista da FGV disse que a redução recente do crescimento chinês de 8% para 7,5% ao ano vai tender a baixar o preço das commodities e afetar negativamente a agricultura no Brasil. Segundo Holanda, o lado bom é “que essa medida não deve pressionar a inflação”.

“O que acontece nessas situações é que a crise mundial e o preço das commodities ajudam, na verdade, a reduzir a inflação e dão até mais espaço para o governo reduzir os juros e tentar melhorar o nível de atividade doméstica”.
 

Edição: Rivadavia Severo