Mantega: medidas macroprudenciais foram necessárias, apesar de terem amenizado crescimento do PIB

06/03/2012 - 14h53

Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, avalia que o governo não pesou a mão nas medidas macroprudenciais, adotadas para evitar o superaquecimento da economia e a alta da inflação, apesar da influência dessas medidas na desaceleração do crescimento da economia. Em 2011, o Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB) cresceu 2,7%, percentual abaixo do esperado pelo governo.

“Não acredito nisso [que o governo tenha exagerado nas medidas de desaquecimento da economia] porque havia risco de a crise financeira internacional se introduzir no Brasil. No ano passado estávamos fazendo um ajuste na economia, sob o impacto do crescimento forte de 2010 [de 7,5%]. Criamos, então, alguns desaceleradores, principalmente na política monetária e fiscal da economia brasileira. Mas, este ano, vamos fazer o contrário. Haverá reforço de recursos no investimento”, disse o ministro hoje (6) durante coletiva de imprensa.

“Não podemos antecipar as medidas que estamos estudando, mas vamos adotá-las de forma a favorecer principalmente o setor industrial, que sofreu um pouco e acabou não dando uma contribuição maior para o PIB. Mas acredito que esse foi o resultado que podíamos obter em 2011”, avaliou.

Segundo Mantega, o Brasil é um país prevenido e, por isso, não permitirá o ingresso excessivo de capitais. “Vamos coibir esse tipo de operações e evitar o excesso de liquidez. Temos arsenal infinito para isso, e podemos aumentar nossa atuação em larga escala. Assim, vamos impedir que a indústria seja novamente prejudicada e manter menos valorizado o real”, adiantou o ministro.

Perguntado se ainda há espaço na economia para a ampliação de incentivos, Mantega disse que “sempre é possível fazer estímulos”, e que eles podem ser fiscais e monetários. “Temos mais condições de fazer isso do que no ano passado, quando o cenário era inflacionário.”

De acordo com o ministro, com os instrumentos e os recursos fiscais existentes, o governo tem condições de adotar as medidas necessárias. “Se as tendências forem confirmadas, principalmente a desaceleração do crescimento chinês, o risco maior será de deflação de commodities. Por isso, não haverá maiores riscos inflacionários”, completou o ministro.

O PIB brasileiro cresceu 2,7% em 2011, na comparação com o ano anterior, totalizando R$ 4,143 trilhões. Em 2010, a taxa havia sido de 7,5%. Em termos proporcionais, o PIB brasileiro apresentou crescimento menor do que a média mundial, que ficou em 3,8%, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI),

Sob a ótica da produção, a agropecuária cresceu 3,9%; a indústria, 1,6%; e os serviços, 2,7%. Sob a ótica da demanda, foram registrados crescimentos no consumo das famílias (4,1%), no consumo do governo (1,9%) e na formação bruta de capital fixo, isto é, nos investimentos (4,7%).

Em termos per capita, o PIB teve uma expansão de 1,8% em 2011. Com isso, o PIB per capita alcançou R$ 21.252, em valores correntes. Em 2010, o PIB per capita havia crescido 6,5%.

Edição: Juliana Andrade