Ambulantes garantem que trabalho extra nos dias de carnaval vale a pena

21/02/2012 - 14h08

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Quem aproveita estes dias de carnaval para ganhar uma renda extra ou aumentar o lucro com a atividade que exerce durante o ano garante que a maratona vale a pena.

O vendedor ambulante Edmilson Silva, de 53 anos, mora em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio, mas desde a última sexta-feira (17) não volta para casa. A mudança provisória para o centro da cidade é para aproveitar a grande concentração de cariocas e turistas nos arredores do Sambódromo e nos diversos blocos de rua.

Segundo ele, não sobra tempo nem para dormir direito e os cochilos, geralmente de manhã, são tirados dentro do carro. “Fico acordado a noite toda, só cochilo durante o dia. Fico sem ver a minha família estes dias, até a Quarta-Feira de Cinzas, que é quando sai o resultado dos desfiles e ainda há muito movimento”, disse.

Silva garante que vale a pena encarar a maratona porque é nesta época, juntamente com o réveillon, que as vendas de água e cerveja garantem o sustento da família por alguns meses.

“Só em um dia de carnaval consigo vender umas 1.200 latinhas de cerveja, fora a água. É isso que sustenta”, contou o ambulante que vende bebidas no entorno de estádios de futebol há 30 anos.

Outra vendedora ambulante, Maria dos Santos, moradora da Lapa, na região central da cidade, também aproveita o carnaval para aumentar os negócios. Além do isopor, onde armazena as bebidas, ela carrega uma bandeja de madeira, presa a uma fita que pendura no pescoço, para vender balas, chicletes e biscoitos.

“Todo ano eu trabalho no carnaval. A gente samba um pouquinho, ouve uma música e ainda ganha um dinheirinho”, contou ela, que durante o ano percorre as praias cariocas vendendo os mesmos produtos.

O gari Luis Carlos Ferreira da Silva trabalha há 23 anos no centro e não ganha a mais durante os dias de folia porque as equipes da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) seguem a escala normal de revezamento. Já o trabalho, ele garante que aumenta muito.

“É um sufoco, principalmente nos dias dos blocos mais concorridos, como o Cordão da Bola Preta e o Boitatá. Aí, suja mesmo, mas a população precisa da gente para ter as ruas limpas, então temos que trabalhar, não tem jeito”, afirmou Silva que, para não perder o ritmo da festa, usa um chapéu colorido enquanto retira o lixo das calçadas, na altura da Praça XV. “Temos que arrumar um jeitinho de despertar a brincadeira e levar o trabalho com bom humor”, acrescentou.

A Comlurb informou que, para manter a limpeza da cidade durante o carnaval, 745 trabalhadores, entre garis e outros profissionais, atuam diariamente. Desse total, 210 fazem a limpeza após a passagem dos blocos e 445 são responsáveis pela área do Sambódromo. Os demais atuam na limpeza em outros pontos da cidade.

Edição: Graça Adjuto