Terceirizados que recebem ligações de emergência para bombeiros e policiais do DF param de trabalhar

10/02/2012 - 16h06

Da Agência Brasil

Brasília – Os operadores de teleatendimento dos telefones de emergência 190 e 193 no Distrito Federal, que recebem as chamadas direcionadas à Polícia Militar e ao Corpo de Bombeiros, decidiram em assembleia, na manhã de hoje (10), paralisar os serviços. Segundo o sindicato da categoria, o protesto é contra o atraso no pagamento dos salários. Os funcionários, que são contratados por uma  empresa terceirizada, a Fiança, reivindicam também melhores condições de trabalho.

De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações do Distrito Federal (Sintell-DF), José Goudim, há 200 pessoas para atender a população que liga para os números de emergência, mas apenas dez trabalharam no primeiro turno de hoje.

“A greve está confirmada porque os atrasos nos salários ocorrem constantemente. Infelizmente, quem sofrerá será a população. Nossa única reivindicação é que a empresa faça o pagamento do salário, auxílio-alimentação e vale-transporte, que estão atrasados há quatro dias. Mas a empresa disse que só poderá efetuar o pagamento na próxima quarta-feira (15)”, reclamou Goudim. “Precisamos ainda de melhorias nas condições de trabalho, que são precárias, temos trabalhadores que estão com duas férias vencidas, e a empresa prefere manter o quadro de funcionários insuficiente a contratar novos servidores”, disse.

Uma atendente da Central Integrada de Atendimento e Despacho (Ciad), de 43 anos, que não quis ser identificada, confirmou à reportagem da Agência Brasil que os atrasos nos pagamentos são constantes. Ela disse que teve de mudar o dia de vencimento de todas as contas porque não consegue prever quando o dinheiro do salário entra na conta dela. “Trabalho nesta empresa há quatro anos e posso contar nos dedos as vezes que recebi no dia certo. Às vezes, salários e benefícios só são pagos com semanas de atraso”, disse.

Ela contou ainda que tem três filhos e todos têm bolsa parcial nas escolas em que estudam. Entretanto, para pagar a diferença da mensalidade, ela tem encontrado dificuldades. Para obter o desconto por pontualidade, ela precisa pagar a fatura antes do vencimento. “Se eu perder o desconto das mensalidades fica inviável para mim, tenho colegas que estão com aluguel, mensalidades da faculdade e outras contas atrasadas, o dinheiro para pagar a passagem também já acabou”, disse.

Segundo a assessoria de imprensa da Fiança, empresa responsável pelos trabalhadores terceirizados, o atraso no pagamento foi causado pelo demora na liberação de uma certidão da Receita Federal. Só de posse desse documento é que o GDF pode repassar o valor dos salários dos trabalhadores. A assessoria disse ainda que estará de posse da certidão na segunda-feira (13) e que deve protocolar no governo o pedido de liberação da verba. A Fiança confirma que o pagamento será depositado na conta dos atendentes na quarta-feira (15).

O subsecretário de Operação da Secretaria de Segurança Pública, coronel Jooziel Freire, disse que o serviço está funcionando normalmente e que dez funcionários foram suficientes para atender à demanda da manhã. Ainda segundo ele, se for necessário, bombeiros e policiais que supervisionam a central de atendimento vão auxiliar no atendimento no período da tarde.

Edição: Vinicius Doria