Direitos humanos e abertura política podem ser temas de reuniões em Havana

30/01/2012 - 5h56

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A visita da presidenta Dilma Rousseff a Cuba ocorre cinco dias depois de o governo brasileiro ter concedido visto de entrada à jornalista e blogueira cubana Yoani Sánchez, uma das principais críticas do governo do presidente Raúl Castro. A iniciativa foi interpretada por organizações não governamentais e especialistas como uma sinalização do Brasil de que a questão de direitos humanos e abertura política vai ser tema das reuniões em Havana. Dilma viaja hoje (30) para a capital cubana.

No entanto, o Itamaraty informou que no caso de Sánchez, o visto foi concedido atendendo a um pedido do cineasta Cláudio Galvão da Silva que convidou a cubana para a estreia do documentário Conexão Cuba-Honduras, em Jequié, na Bahia, no próximo dia 10. O pedido foi feito ao Itamaraty no último dia 20 por meio da Embaixada do Brasil em Havana.

O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, negou que o tema será abordado publicamente por Dilma nas reuniões em Cuba. Patriota preferiu elogiar a abertura do diálogo político envolvendo o governo cubano e a Igreja Católica do país no que refere aos dissidentes políticos a levantar dúvidas sobre a condução das questões relativas aos direitos humanos na região.

Patriota disse, em Davos, na Suíça, que a questão sobre direitos humanos é constantemente abordada nas conversas entre as autoridades brasileiras e cubanas.

Há aproximadamente dois anos, os governos de Raúl Castro e da Espanha iniciaram uma negociação com a Igreja Católica de Cuba para a libertação progressiva de 52 dissidentes políticos. Gradualmente, os presos foram libertados e enviados para cidades espanholas. Mas em Cuba, um movimento denominado Damas de Branco – mulheres ligadas aos dissidentes mantidos em prisão – ganha força e cobra a abertura política no país.

Na interpretação da diplomacia brasileira, o tema se refere a assuntos internos de Cuba. Patriota disse que a questão mais urgente no país refere-se à prisão de Guantánamo – localizada em uma base naval em território cubano, mas mantida pelos norte-americanos.

Na semana passada, a alta-comissária para os Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Navi Pillay, cobrou do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o fechamento de  Guantánamo. Segundo ela, o local é o registro concreto de onde ocorrem violações aos direitos humanos.

Construída em 2002, a prisão de Guantánamo reúne cinco prédios e várias denúncias de violações de direitos humanos. Há acusações sobre humilhações e tortura de detentos por militares. Muitos dos presos são muçulmanos, que também sofrem restrições à cultura religiosa. Patriota, em Davos, reiterou a necessidade de retomar o assunto em nível internacional.

Edição: Graça Adjuto