Às vésperas da visita de Dilma a Cuba, Patriota elogia abertura do diálogo político no país

29/01/2012 - 10h33

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Às vésperas da viagem da presidenta Dilma Rousseff a Cuba, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, elogiou a abertura do diálogo político envolvendo o governo do presidente cubano, Raúl Castro, e a Igreja Católica do país no que refere aos dissidentes políticos. Também disse que a questão dos direitos humanos na região é tema constante de conversas entre as autoridades brasileiras e cubanas.

Patriota está em Davos, na Suíça, participando do 42º Fórum Mundial Econômico. Há cerca de dois anos, os governos de Raúl Castro e da Espanha iniciaram uma negociação com a Igreja Católica de Cuba para a libertação progressiva de 52 dissidentes políticos. Gradualmente, os presos foram libertados e enviados para cidades espanholas.

Os envolvidos foram detidos em 2003 durante um protesto contra o regime cubano que levou à prisão 75 dissidentes. Desse total, 23 foram libertados no período de 2003 a 2010, todos por questões de saúde. Os demais foram libertados em etapas a partir do ano passado. Porém, em Cuba, um movimento denominado Damas de Branco – mulheres ligadas aos dissidentes mantidos em prisão – ganha força e cobra a abertura política no país.

No entanto, o chanceler sinalizou que o assunto não deverá ser abordado publicamente por Dilma na visita que começa amanhã (30) a Havana. Na interpretação da diplomacia internacional, o tema se refere a assuntos internos de Cuba. Para ele, a questão mais urgente em Cuba é em relação à polêmica prisão de Guantánamo – localizada em uma base naval em território cubano, mas mantida pelos norte-americanos.

O ministro lembrou ainda que constantemente a questão dos direitos humanos em Cuba, onde críticos do sistema político dizem ser perseguidos pelo governo Castro, é abordada. Na viagem preparatória para a visita da presidenta, Patriota conversou com as autoridades cubanas sobre o tema. Segundo ele, houve avanços no país, mas, sem entrar em detalhes, disse que há ainda aspectos a aperfeiçoar.

Há uma semana, a alta-comissária para os Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Navi Pillay, cobrou do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o fechamento de Guantánamo. Segundo ela, o local é o registro concreto de onde ocorrem violações aos direitos humanos.

Construída em 2002, a prisão de Guantánamo reúne cinco prédios e várias denúncias de violações de direitos humanos. Há acusações sobre humilhações e tortura de militares com os detentos. Muitos dos presos são muçulmanos que também sofrem restrições à cultura religiosa. Patriota, em Davos, reiterou a necessidade de retomar o assunto internacionalmente.

A presidenta Dilma viaja amanhã para Havana, Cuba, onde fica até o dia 31. Em seguida, ela vai para Porto Príncipe, no Haiti. Dilma viaja acompanhada por uma comitiva presidencial. É a primeira visita dela aos dois países, depois que assumiu o governo.
 

Edição: Rivadavia Severo