Coluna da Ouvidoria - A notícia pública não estatal da Agência Brasil

23/01/2012 - 12h14

Brasília - Ano-Novo e muitas novidades na Ouvidoria da EBC. A primeira é a mudança de dia para a publicação da Coluna da Ouvidoria, que será, a partir de agora, postada todas as segundas-feiras. A mudança proporcionará ao leitor mais comodidade para iniciar a semana já tendo acesso à coluna. Outra novidade é a nomeação da nova ouvidora adjunta para a Agência Brasil, a jornalista Ruth Helena Vieira, que assume o compromisso de dar continuidade ao trabalho da Ouvidoria antes desempenhado pelo jornalista Paulo Machado. Portanto, Ano-Novo, nova data para a coluna e nova ouvidora adjunta.

Nesta primeira Coluna da Ouvidoria no ano de 2012, apontamos algumas questões que poderão nos ajudar a fazer uma reflexão sobre a imagem da Agência Brasil pelos seus diferentes públicos, baseadas principalmente em manifestações de leitores sobre a atuação da ABr durante o ano de 2011.

Notadamente, o que se observa é que há uma grande confusão de concepção sobre o que é a Agência Brasil. Assim como ainda há uma grande confusão sobre o que é o sistema público e o que é o sistema estatal de comunicação. Talvez isso se deva ao fato de que a ABr, como hoje a temos, ser ainda muito recente, em comparação ao longo tempo em que tivemos uma agência estatal de notícias. A ABr é pública, não é estatal. Ela foi criada para atender apenas e tão somente o interesse público. Nasceu com o processo de implantação do Sistema Público de Comunicação, com a criação da Empresa Brasil de Comunicação-EBC, em abril de 2008. Se o público – e principalmente os jornalistas - ansiava por um veículo isento e livre de influência de qualquer ordem, capaz de noticiar com imparcialidade e independência, está aqui na ABR e nos demais veículos do sistema público de comunicação a grande oportunidade.

Mas, qual a imagem que a ABr tem para os diversos segmentos de público? Qual a sua posição no mercado consumidor de notícias? A ABr tem três públicos com opiniões, críticas e avaliações. Há também um público que gosta do trabalho da ABr como é feito hoje. No que diz respeito ao conteúdo, voltamos à questão: é chapa branca, oficial, ou é crítica ao governo e não se diferencia das demais agências de notícias? A Ouvidoria recebe manifestações e acusações de todos os lados, em relação ao conteúdo da ABr. Há leitores que dizem que a ABr só dá notícias pró-governo. Outros, comentam que a ABr é antigoverno.

Confira algumas impressões sobre a Agência Brasil vindas dos nossos leitores:

(...) novamente a Agência Brasil parece a mídia privada, utilizando termos que implicitamente trazem informações não comprovadas, e negadas pelo governo em questão” (…) / (…) “Isso não é um portal mantido com o dinheiro público?Por que o povo não pode comentar? (…) ” / “ (...) Não entendo por que a Agência Brasil, empresa de comunicação estatal do  governo federal, praticamente se restringe a veicular informações culturais  do Rio de Janeiro e São Paulo (…)” / “ (…) A importância da Agência Brasil no cenário das organizações  midiáticas do país e até mesmo da América do Sul se dá pela maneira  ética e comprometida que as notícias são produzidas. Nomear os integrantes  do MST de "trabalhadores" e não de "invasores" mostra o real compromisso com  a notícia e com o leitor. Empresas como esta me fazem acreditar que pode  haver uma mídia decente (...)” / “ (…) Entendemos que a EBC, se é governo, é simultaneamente pública, e se estamos realmente em uma democracia, é preocupante a Agência Brasil posicionar-se em defesa  das fronteiras do poder dominante e atacar  as forças de resistência das radcom, que apesar das opressões, insiste (...)” / “(...)Dados isolados desse jeito, sem uma análise mais detalhada, mais a opinião  de "especialistas" é o jeito que o PIG usa na campanha contra o governo. A Agência Brasil poderia oferecer algo melhor em termos de noticiário (...)”.

Pelas manifestações citadas, podemos observar que dentre os três segmentos de público que seguem a Agência Brasil não há opinião formada sobre sua imagem enquanto agência pública. Há um público/governo que lhe demanda mais cobertura, linguagem oficial e mais enquadramento do noticiário pró-governo; um público/consumidor que tacha a ABr de “chapa branca”, “governista” e cobra mais “isenção” e há o público/cliente que são as agências e portais noticiosos que utilizam as informações da Agência Brasil para alimentação de suas páginas na web.

Em meio a essas diferentes concepções, convém lembrar que a experiência de comunicação pública é muito recente, inédita e transformadora no Brasil. E a ABr não foi criada para noticiar apenas informações a favor ou contra governos, mas a favor do cidadão. Ela é um dos instrumentos criados para ampliar e aperfeiçoar a democracia e a comunicação no Brasil. Vale a pena apostar no debate que enxergue a comunicação como um bem público capaz de transformar a sociedade e formar cidadãos.