Com dispensa de testemunhas, julgamento do caso Ceci Cunha pode terminar antes do previsto

16/01/2012 - 21h18

Débora Zampier
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O julgamento do caso Ceci Cunha, previsto para ir até a próxima quarta-feira (19), pode terminar antes do previsto. A Justiça Federal em Alagoas começou a julgar a morte da deputada e de três parentes, ocorrido há 13 anos, na manhã de hoje (16). O adiantamento é esperado porque a primeira etapa do processo – oitiva das testemunhas de defesa e de acusação – terminou antes do previsto, já que houve dispensa de algumas testemunhas, assim como a ausência de outras por motivo de saúde.

Assim, a segunda fase do julgamento prevista para amanhã (17) - interrogatório dos cinco réus - começou esta tarde. Respondem ao processo o ex-deputado Talvane Albuquerque, acusado de ser o mandante do crime, e quatro assessores apontados de atuarem como executores: Jadielson Barbosa da Silva, Alécio César Alves Vasco, José Alexandre dos Santos e Mendonça Medeiros da Silva. Todos respondem à Justiça em liberdade.

A deputada foi morta em dezembro de 1998 pouco depois de ser diplomada no cargo. Ela visitava a irmã, que havia acabado de ter um bebê. De acordo com o Ministério Público, o crime teve motivação política, pois o primeiro suplente da vaga, o ex-deputado Talvane Albuquerque, queria ocupar o posto na Câmara dos Deputados para retardar o julgamento de outros processos a que respondia na Justiça. Ele nega todas as acusações.

O julgamento começou por volta das 10h30, com a escolha dos sete jurados. O grupo é formado apenas por homens, já que os advogados de defesa dos réus descartaram todas as mulheres selecionadas. Houve intervalo para almoço, que durou meia-hora, e o julgamento seguiu durante toda a tarde, com novo intervalo para jantar por volta das 20h. A sessão deve continuar até a meia-noite, e ser retomada novamente por volta das 10h de amanhã.

O auditório com 330 lugares ficou lotado, e foi preciso montar um esquema de transmissão por telão para cerca de 150 pessoas que ficaram do lado de fora. Os parentes dos acusados e das vítimas foram colocados em lados opostos da sala para evitar conflitos e o auditório contou com um forte esquema de segurança. A transmissão da sessão ao vivo pela internet registrou uma média de 700 espectadores.

O depoimento mais marcante do dia foi dado pela irmã de Ceci Cunha, Claudinete Maranhão, que sobreviveu ao ataque. Ela lembrou que estava chegando na varanda da casa no momento dos disparos, e que correu para o quarto e se escondeu embaixo da cama. Acabou salva, juntamente com o bebê. A irmã da deputada chorou muito ao ser perguntada pelos advogados sobre a chegada de policiais até a cena do crime, pois disse que não se lembrava de muitos detalhes por estar em choque. Ela reconheceu Jadielson como um dos atiradores.

 

Edição: Aécio Amado