Deputado Roque Barbieri depõe no MP e não dá nomes de envolvidos em esquema de venda de emendas na Alesp

18/11/2011 - 18h24

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Em depoimento ao promotor de Justiça Carlos Cardoso, o deputado estadual Roque Barbieri (PTB) confirmou a denúncia que fez ao jornal Folha da Região, de Araçatuba (SP), sobre a existência de um esquema de venda de emendas parlamentares na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). O promotor disse à Agência Brasil que Barbieri, ao prestar depoimento na semana passada, não citou nomes de deputados envolvidos no esquema. “Ele confirmou a denúncia [feita ao jornal], mas nenhum nome foi citado”.

O inquérito do Ministério Público (MP) foi instaurado no dia 26 de setembro, após Roque Barbieri ter concedido entrevista ao jornal dizendo que entre 25% e 30% dos deputados estariam envolvidos com um esquema de vendas de emendas. Ao MP, Barbieri declarou que há mais de quatro deputados envolvidos no esquema, mas não confirmou quantos e nem estimou uma porcentagem.

Os deputados estaduais paulistas têm direito de apresentar anualmente, ao governo do estado, indicações para o repasse de R$ 2 milhões em verbas para obras, hospitais e projetos de interesses de seus redutos eleitorais. O MP investiga se houve parlamentares que se aproveitaram desse direito para negociar ou vender as emendas para prefeitos e empreiteiras.

“Ele [Barbieri] falou que tem uma testemunha, e que se for garantido o sigilo da identidade dela, ela [testemunha] pode comparecer e citar o nome de quatro deputados. Estou examinando essa possibilidade”, disse o promotor. Segundo o promotor, o sigilo poderia ser garantido durante o inquérito, mas depois dessa fase “seria um pouco difícil [garantir o sigilo] porque vai para o Judiciário”.

Além de Barbieri, foi ouvido o deputado Major Olímpio (PDT-SP), que também não deu nomes de deputados envolvidos no esquema. “Estou agendando algumas testemunhas, mas não tenho um cronograma para isso. Podem ser ouvidos alguns deputados e pessoas que foram citadas”, disse o promotor. Entre elas, o deputado estadual licenciado Bruno Covas, atual secretário estadual de Meio Ambiente. O promotor quer que Bruno Covas explique declaração dada a O Estado de S. Paulo. Covas disse ao jornal que um prefeito lhe ofereceu propina, que foi recusada, após a aprovação de uma emenda parlamentar.

O inquérito tem o prazo de 180 dias para ser concluído, podendo ser prorrogado e, de acordo com o promotor, o deputado Roque Barbieri pode ser ouvido novamente.

 

Edição: Aécio Amado