ONG cobra mais sanções à Síria e julgamento em corte internacional por crimes de guerra no país

11/11/2011 - 9h01

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
 

Brasília – A organização não governamental (ONG) Human Rights Watch apelou hoje (11) ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que imponha novas sanções à Síria. Também pediu à Liga Árabe, que está reunida no Cairo (Egito), que exija do presidente sírio, Bashar Al Assad, o fim da violência e repressão no país. A entidade sugere ainda que os casos de violações sejam enviados para julgamento no Tribunal Penal Internacional (TPI).

Um relatório detalhado da entidade informa que a “natureza sistemática das violações contra civis em Homs [uma das principais cidades do país]” mostra a existência de crimes contra a humanidade na Síria. No documento, a organização se refere a dados coletados sobre denúncias de tortura e assassinatos, além de várias violações aos direitos humanos.

Para elaborar o documento, de 63 páginas, denominado Nós Vivemos em Guerra: Uma Explosão de Protestos na Região de Homs, foram ouvidas 110 pessoas apontadas como vítimas da repressão por parte do governo Assad. Pelos dados, os assassinatos se intensificaram na cidade de Homs a partir de abril.

"Homs é um microcosmo da brutalidade do governo sírio", disse a diretora da Human Rights Watch para o Oriente Médio, Sarah Leah Whitson. "A Liga Árabe tem de dizer ao presidente Assad que violar o acordo tem consequências.”

Homs é o símbolo dos rebeldes na Síria, pois a região virou palco dos principais protestos no país. Os casos relatados no documento da organização contam histórias como a de uma mulher e o marido que participaram de uma manifestação com o filho, de 3 anos. Segundo ela, homens com características de funcionários atiraram em sua família, e uma bala atingiu a criança no estômago, mas que em seguida foi retirada.

A organização conseguiu conversar com 25 pessoas que ficaram detidas por forças policiais em Homs. Segundo elas, casos de tortura são constantes, com o uso de armas de choque elétrico e agressões físicas. Também contaram que, pelo menos, 17 conhecidos foram assassinados nas prisões da cidade.

As autoridades ligadas a Assad negam os crimes. Segundo o governo sírio, as ações de repressão são promovidas por grupos organizados. Para a Human Rights Watch, as acusações das autoridades e as deserções nas Forças Armadas “merecem uma investigação mais aprofundada”. Porém, a entidade alerta, no documento que “esses incidentes de maneira alguma justificam a utilização desproporcionada e sistemática de força letal contra os manifestantes”.

Edição: Juliana Andrade