Sindicato dos jornalistas do Rio diz que colete do cinegrafista morto não era seguro

07/11/2011 - 21h07

Douglas Corrêa
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio informou, em nota, agora à noite, que teve acesso ao colete à prova de balas, usado pelo repórter cinematográfico da TV Bandeirantes, Gelson Domingos, e que o equipamento era do tipo 2-A, que protege contra tiros de armas como a de 9 milímetros (mm), com potencial bem abaixo dos fuzis usados em confrontos no Rio de Janeiro. O sindicato disse que, ao contrário do que a emissora afirmou, o equipamento não era do tipo 3-A – que tem maior poder de defesa.

O cinegrafista foi morto nesse domingo (6) com um tiro de fuzil no peito, que atravessou o seu corpo, durante operação policial na Favela de Antares, na zona oeste da cidade.

O advogado criminalista Nélio Andrade, que representa a família da vítima, disse que “é de uma grande irresponsabilidade enviar um repórter para esta guerra urbana, que vivemos no Rio com um equipamento deste tipo. A pessoa está completamente vulnerável com este tipo de equipamento”. O advogado recebeu o colete usado pelo repórter de parentes do jornalista. Ele disse ainda que o colete será entregue hoje (7) à Divisão de Homicídios, encarregada do inquérito.

Segundo o advogado, o colete apresenta sinais de desgaste. Algumas inscrições não podem ser lidas a olho nu, mas é possível verificar que a blindagem é 100% de polietileno. A placa da frente do colete que foi perfurada, apresenta data de 2003. Conforme especificações na parte interna do colete, o equipamento vence em outubro de 2013.

O titular da Divisão de Homicídios, Felipe Ettore, disse que o autor do disparo que matou o cinegrafista pode estar entre os quatro mortos e os 11 suspeitos presos durante a operação na favela. Ele disse que a polícia está examinando as imagens feitas pelo cinegrafista e cedidas pela TV Bandeirantes, que são uma peça importante para identificar o autor do crime. “Acreditamos que as imagens são fundamentais para a identificação do autor do disparo que matou o jornalista”.

A ONG Rio de Paz prestou uma homenagem ao cinegrafista na areia da Praia de Copacabana, em frente à Rua Princesa Isabel. Um cartaz diz: “Gelson Domingos, o tiro que acertou o seu peito, atingiu os nossos olhos”.

 

Edição: Rivadavia Severo