Brasília: frequentadores do Parque da Cidade recebem orientações sobre prevenção do AVC

30/10/2011 - 14h39

Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O Parque da Cidade, no centro da capital federal, serviu de espaço hoje (30) para uma campanha de prevenção ao Acidade Vascular Cerebral (AVC). Apesar de oficialmente o dia mundial de combate à doença ter sido ontem (29), o grande movimento de pessoas no parque aos domingos possibilitou que o evento reunisse um maior número de pessoas hoje.

Estudantes de três faculdades e quatro escolas técnicas ligadas à área da saúde fizeram atendimento gratuito no quiosque montado ao lado da ciclovia do parque. Futuros profissionais de fisioterapia, nutrição, enfermagem, educação física e medicina orientaram atletas, pedestres e ciclistas sobre fatores de risco do AVC e medidas de prevenção à doença.

Quem procurou o quiosque pôde fazer testes de glicemia para detectar um possível diabetes e medir a circunferência abdominal e o índice de massa corporal (IMC) para verificar risco de obesidade, além de aferir a pressão arterial. “São avaliações de fatores de risco ao AVC. Nos casos em que são encontradas alterações nos testes rápidos, os estudantes fazem a orientação de saúde e encaminham a pessoa ao médico [especialista]”, explicou um dos organizadores do evento, Cláudio Rafael da Silva, da organização não governamental (ONG) Saúde até Você.

Até o fim da manhã, mais de 700 pessoas procuraram o quiosque para fazer exames ou receber orientações dos professores e estudantes. Um dos pedestres preocupados com a saúde que foi até o local é Fábio Pires, de 62 anos. Acompanhado da filha Ana Flávia, ele procurou o quiosque para medir o IMC e fazer exame de glicemia. Diante dos bons resultados, foi embora mais tranquilo. “Está tudo bem. Acho muito bom esse trabalho, venho sempre. [Prevenir] é o melhor remédio”, disse antes de seguir para a caminhada quase rotineira. “Eu ligo sempre e o chamo para caminhar comigo. Sempre que ele pode vir, eu estou com ele”, complementou a filha, de 31 anos.

Esse tipo de prevenção é o melhor caminho, de acordo com a presidenta da Academia Brasileira de Neurologia, Elza Dias Tosta. Segundo ela, a divulgação dos fatores de risco é o primeiro passo para evitar o que chama de “medicina curativa” e promover a “medicina preventiva”. “Tem fatores de risco que a gente não pode evitar. Não dá para mudar o sexo da pessoa, a idade, fatores genéticos, por exemplo. Mas outros, como a obesidade, o diabetes, o tabagismo e o consumo excessivo de álcool, podem ser prevenidos”, destacou a médica.

Além disso, Elza Tosta alerta para a necessidade de as pessoas conhecerem os sintomas de um AVC, de modo a garantir que o paciente chegue logo a um hospital. Esses sintomas incluem dificuldades repentinas na fala ou na visão, entortamento da boca ou de uma parte do rosto, dificuldade de manter os dois braços levantados no mesmo nível e de caminhar. “Assim como as pessoas sabem que dor e dormência no braço podem significar um infarto do miocárdio, é importante que elas também saibam que esses sintomas podem significar um AVC”, alertou a neurologista.

Depois de aprender a identificar os sintomas do acidente vascular cerebral, a médica lembra que é importante também que a população saiba chame rapidamente o serviço adequado de atendimento móvel. No caso de Brasília e da maior parte das capitais do país, essa função é do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). O atendimento rápido em um hospital com equipe treinada e equipamentos adequados para receber o paciente podem significar a diferença entre ter ou não sequelas após um AVC.

“Hoje, se a gente conseguir atender em até quatro horas e meia após o início do acidente vascular, existem grandes chances de rever o dano completamente. Eu tenho pacientes que chegaram em coma, quase morrendo, e no dia seguinte falavam ao telefone normalmente, sem sequelas”, contou Elza Tosta.

A neurologista acrescenta que, diante de um dano não revertido no primeiro momento, existem duas saídas. A primeira dela consiste em tratamento com fisioterapia e fonoaudiologia nos primeiros seis meses para tentar reverter danos à fala ou à coordenação motora. A segunda providência, no caso de danos permanentes, é procurar terapia ocupacional para facilitar a adaptação a uma nova vida com algum tipo de deficiência. Para isso, ela insiste na necessidade de ajuda financeira para que os pacientes possam ser tratados na própria residência ou para a implementação de casas de apoio, onde os pacientes possam ficar internados quando não têm alguém para cuidar deles. Uma portaria do Ministério da Saúde disciplinando o assunto está em andamento, ainda sem data para ser publicada.

Edição: Juliana Andrade