Na França, divulgação de livro com detalhes dos diálogos dos pilotos do Air France que caiu gera polêmicas

13/10/2011 - 10h05

Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A agência francesa que investiga as causas do acidente com o voo AF 447 da Air France, que caiu no Oceano Atlântico em 31 de maio de 2009 depois de deixar o Rio de Janeiro rumo a Paris, condenou a divulgação das transcrições das caixas-pretas em livro de autoria do piloto e escritor Jean-Pierre Otelli.

Para a agência (BEA, na sigla em francês),  as conversas divulgadas são de caráter pessoal e não têm ligação com os acontecimentos que resultaram na tragédia. No Airbus A330 que saiu do Rio com destino a Paris havia 228 pessoas entre brasileiros, franceses, alemães, italianos e passageiros de outras nacionalidades. Apenas 50 corpos foram localizados, sendo 20 deles de brasileiros.

Em nota, a agência de investigações informou que a publicação dos diálogos “é uma falta de respeito à memória dos pilotos”. Para o BEA, a revelação das frases viola a legislação europeia de aeronáutica e acirra as polêmicas.

A indignação da agência francesa se refere à publicação de um livro do piloto e escritor Jean-Pierre Otelli. O livro é o quinto volume da série Erros de Pilotagem e publica a íntegra dos diálogos entre os pilotos, inclusive trechos que jamais haviam sido divulgados pelos investigadores da tragédia.

As conversas confirmam que os três pilotos não compreenderam o que ocorria e não perceberam o que deveria ser feito para evitar a catástrofe. Quando o avião começa a perder altitude, um deles diz que o avião está sem controle e que não compreendia o que se passava. No livro há, ainda, relatos dos últimos instantes do voo, quando um copiloto parece perceber que a aeronave vai cair.  

*Com informações da emissora estatal de rádio da França, RFI   //     Edição: Lílian Beraldo