Alex Rodrigues
Repórter Agência Brasil
Brasília – Clientes de cinco planos de saúde do Rio de Janeiro que precisam se submeter a procedimentos cardiovasculares estão tendo que pagar aos médicos pelo atendimento, desde o início de agosto, mesmo estando com as mensalidades de seus convênios em dia. A informação é da Cooperativa dos Cirurgiões Cardiovasculares do Rio Janeiro (Cardiocoop-RJ), entidade que representa os especialistas no estado.
Alegando que os honorários médicos pagos aos profissionais não são reajustados há oito anos e sem conseguir negociar com as cinco operadoras alvo do boicote, a cooperativa garante ter convencido os 100 cirurgiões cardiovasculares que atendem em hospitais privados e filantrópicos do estado a suspenderem o atendimento desde 8 de agosto, à medida em que os contratos com as operadoras fossem chegando ao fim.
De acordo com o presidente da cooperativa, Ronald Souza Peixoto, a decisão da categoria atinge os clientes do Bradesco Saúde e os usuários dos planos de autogestão do Banco Central (Bacen), da Caixa de Assistência dos Servidores da Companhia Estadual de Águas e Esgoto (CAC- Cedae), de Furnas e da GeapSaúde. “Os atendimentos a estas cinco operadoras estão interrompidos e estamos atendendo aos seus clientes apenas em caráter particular”, disse Peixoto à Agência Brasil, defendendo que o paciente que se sentir prejudicado deve cobrar o ressarcimento das despesas da gestora de seu convênio.
Segundo Peixoto, os cirurgiões exigem que os valores pagos às equipes médicas sejam reajustados de acordo com a tabela da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (Sbcc). Ele alega que, atualmente, as operadoras pagam cerca de R$ 1,5 mil à equipe de, em média, sete profissionais necessários à realização de uma cirurgia. O valor, segundo ele, é menor que o pago pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A cooperativa garante ter comunicado que suspenderia o atendimento ainda em junho deste ano, não só às operadoras, mas também aos órgãos regionais e federais de saúde. “Com 60 dias de antecedência nós informamos às empresas e às autoridades que suspenderíamos o atendimento caso os honorários não fossem reajustados a contento e os contratos renovados”, explicou Peixoto.
As reivindicações dos profissionais fluminenses são semelhantes às dos cardiologistas paraenses, que esta semana suspenderam as cirurgias eletivas marcadas por usuários do Plano de Assistência dos Servidores Estaduais (PAS), o segundo convênio em número de usuários no estado. A falta de reajuste nos honorários tem motivado a reação de cirurgiões cardiovasculares de outros 14 estados, além de médicos de outras especialidades de todo o país.
Procurados pela ABr, os planos Bacen, CAC-Cedae e Furnas negaram que os médicos tenham deixado de atender a seus clientes e garantiram não ter recebido qualquer reclamação. O CAC-Cedae ainda garantiu ter negociado novos contratos diretamente com alguns profissionais e que mantém o atendimento normal.
Peixoto rebateu a informação da CAC-Cedae. Segundo ele, o estatuto da cooperativa prevê punições aos profissionais que assinarem acordos pessoais, sem a anuência da entidade. Além do mais, os cooperados reafirmaram essa posição durante uma assembleia da cooperativa realizada no início de outubro.
A ABr tentou entrar em contato com os responsáveis pela GeapSaúde, mas não conseguiu contactá-los. O Bradesco Saúde remeteu às questões à Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde). Em nota, a entidade, que representa os 15 maiores grupos privados de saúde do país, adiantou que vai adotar um novo parâmetro de remuneração dos médicos credenciados a suas afiliadas já a partir deste ano.
Edição: Lana Cristina