Grevistas mantêm esperança de fechar acordo com Correios antes do dissídio

06/10/2011 - 18h37

Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Os funcionários dos Correios, em greve há 23 dias, ainda acreditam em um acordo com a direção da estatal antes do julgamento do dissídio coletivo, no Tribunal Superior do Trabalho (TST). Ontem (5), os 35 sindicatos que representam os trabalhadores dos Correios nos estados e no Distrito Federal rejeitaram o acordo firmado pelo comando de greve com a empresa e decidiram permanecer em greve.

Segundo José Gonçalves de Almeida, do comando de greve, os funcionários consideram que é possível melhorar a proposta da estatal. “Entendemos que [levar o dissídio para julgamento no] o TST é ruim para as duas partes. Achamos que podemos chegar a uma condição negociada antes do dissidio”.

Almeida foi um dos membros do comando de greve que se opôs ao acordo firmado com a empresa sob mediação do TST. Segundo ele, os principais pontos criticados pelos grevistas estão relacionados ao desconto dos dias parados e ao pagamento do aumento linear de R$ 80 a partir de outubro. Os trabalhadores queriam compensar os dias de greve com trabalho extra e receber o aumento retroativo a 1º de agosto, que é a data-base da categoria.

O secretário-geral da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), José Rivaldo da Silva, também torce por um acordo, mas acha que os trabalhadores podem ter perdas se o caso parar na Justiça do Trabalho. “Sempre é melhor negociar do que deixar julgar. A jurisprudência do tribunal não é favorável aos trabalhadores nesses casos [de pagamento dos] dias parados por consequência de greve”.

Uma nova audiência entre as partes está marcada para segunda-feira (10), às 11h, no TST. Se não houver um novo acordo, a ministra Cristina Peduzzi, responsável pelo processo, deverá distribuir o dissídio coletivo a um dos ministros da Seção Especializada em Dissídios Coletivos (SDC), onde a questão será julgada.

Segundo os Correios, desde o início da greve, cerca de 159 milhões de encomendas e correspondências deixaram de ser entregues. A empresa promete fazer um novo mutirão no próximo fim de semana para tentar regularizar as entregas. Com os mutirões, já foi possível entregar cerca de 25 milhões de cartas e encomendas em todo o país e triar mais de 69 milhões.

Edição: Vinicius Doria