Premiados do Festival de Brasília serão conhecidos hoje

03/10/2011 - 11h52

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Os vencedores do 44º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro serão conhecidos hoje (3) à noite, quando será realizada a entrega dos prêmios aos melhores filmes em cada categoria. Neste ano, os valores foram aumentados e o Candango de Melhor Filme de Longa-Metragem vai pagar R$ 250 mil. A cerimônia de entrega da premiação ocorrerá às 20h. A TV Brasil fará a cobertura do evento por meio de flashes ao vivo durante a programação.

Na disputa estão os longas As Hiper Mulheres, de Carlos Fausto, Leonardo Sette e Takumã Kuikuro; Trabalhar Cansa, da dupla Juliana Rojas e Marco Dutra; Hoje, de Tata Amaral; O Homem que Não Dormia, de Edgard Navarro; Meu País, de André Ristum, e Eu Vou Rifar Meu Coração, de Anna Rieper.

O último longa da disputa, exibido ontem (2), foi o documentário Eu Vou Rifar Meu Coração que tem o mesmo título da música de Lindomar Castilho, clássico do brega. O filme é um passeio pela música brega que acabou desaguando em um retrato do Brasil popular, romântico e real.

Na tentativa de entender o sucesso de cantores como Wando, Agnaldo Timóteo, Lindomar Castilho, Amado Batista, Nelson Ned, entre outros, a carioca Anna Rieper passou quatro anos viajando pelo interior de Alagoas e Sergipe, entre 1997 e 2001, e acabou construindo um documentário sobre o amor. "É um filme sobre o amor, seja pelas músicas ou o amor nas vidas de quem ouve essas músicas", disse a diretora.

Nesse Brasil popular, Ana conta "histórias de cornos", histórias de traições que se popularizaram em rádios do Nordeste. Estão também presentes o machismo, os preconceitos, a discussão sobre a virgindade das mulhers, a bigamia corriqueira no interior do Brasil, além de histórias de casais que se formaram em encontros nos bordéis que contam suas histórias ao som do sucesso de Odair José, Eu Vou Tirar Você Desse Lugar.

O filme discute ainda o preconceito contra artistas que fazem música para classes mais populares. “Há um universo rico de artistas das classes populares que fazem músicas para as classes populares e reclamam de não pertencerem à chamada MPB [Música Popular Brasileira]. No Brasil, essa cultura é considerada algo menor”.

Já o documentário As Hiper Mulheres, impressiona pelo grau de intimidade que alcançou no cotidiano de tribos indígenas no Xingu. Intimidade que vem da presença de Takumã Kuikuro na direção. O filme conta história das mulheres que tentam resgatar cantigas que estava apenas na mente de uma das índias, prestes a morrer. A história serve de fio condutor para mostrar costumes dessas mulheres e dessas tribos.

Em um proposta mais polêmica, o diretor Edgard Navarro trouxe para o festival O Homem Que Não Dormia. Há quem considere o filme como inclassificável com sua narrativa desconecta. Mas, se o objetivo era chocar, conseguiu o diretor. Nas exibições feitas nas cidades satélites, o filme arrancou gargalhadas diante das cenas impactantes e gratuitas de sexo, e exaustão do público perante a profusão de frases de efeito batidas.

Já o filme Hoje, de Tata Amaral, aposta na mistura de sentimentos e prende a atenção do público com uma história que vai desnudando traumas, culpas e medos de um casal torturado pelo regime militar. O filme conta a história da ex-militante Vera, interpretada por Denise Fraga, que recebe uma indenização do governo pelo desaparecimento do companheiro, interpretado pelo ator uruguaio Cesar Troncoso. Com a indenização, Vera compra um apartamento e, durante a mudança, o marido reaparece. É nesse apartamento que os sentimentos se misturam. O de mudança e o de volta ao passado.

Outro concorrente que sensibilizou o público foi Meu País, que apostou nas sutilezas das relações familiares. Delicado em sua estrutura narrativa, o filme começa lentamente e vai seduzindo o público aos poucos. Meu País conta a história de dois irmãos ricos, Marcos, vivido por Rodrigo Santoro, e Tiago, personagem de Cauã Reymond. Após a morte do pai, uma participação especial de Paulo José, os dois se veem diante de encruzilhadas.

Marcos retorna da Itália, onde morava há muito tempo e construiu sua vida de empresário, e acaba tendo que reaprender a conviver com o irmão Tiago, viciado em jogos de cartas. A trama ganha mais contornos com a descoberta, depois da morte do pai, da existência de uma irmã mais nova, Manuela, vivida por Débora Falabella. Manuela sofre de um tipo de deficiência intelectual o que traz para a trama uma inocência que faz o filme crescer a partir de sua entrada na história. O reencontro dos três irmãos é a parte central do drama.

Já o longa Trabalhar Cansa retrata um drama da classe média brasileira e marca a estreia na direção de longas dos premiados diretores de curta-metragem Juliana Rojas e Marco Dutra. O filme fala da inversão de papéis em uma família na qual a mulher passa a trabalhar e a prover o sustento.

 

 

Edição: Lílian Beraldo