Gilmar Mendes defende que relação entre União e estados seja discutida por comissão de especialistas

21/09/2011 - 17h23

Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A ideia de uma nova ordem federativa motivou o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, a defender hoje (21), no Senado, que uma comissão de especialistas seja criada para discutir assuntos relacionados à relação entre a União e os estados. Segundo Mendes, discussões como a da redistribuição dos royalties do petróleo, mudanças no Fundo de Participação dos Estados (FPE) e a concorrência comercial por meio de incentivos fiscais entre os estados devem ser discutidas em conjunto.

“A ideia é que esse momento que parece ser tortuoso pode ser também venturoso, no sentido de que temos muitas questões em aberto. De novo: guerra fiscal, decisão recente do Supremo [quanto a leis que incentivam benefícios fiscais para estados], FPE, a questão dos royalties, a questão da dívida dos estados. Tudo isso pode ser discutido e encaminhado, tendo em vista essa abertura temática que se tem”, defendeu o ministro.

Mendes esteve reunido com o presidente do Senado, José Sarney, e disse que será realizado um seminário com senadores, deputados e técnicos para tratar desses assuntos. Com a realização do evento, ele espera que seja formada a comissão de especialistas, que irá propor várias leis e fazer sugestões de reformas. “A ideia básica é que essa comissão de especialistas não envolvidos na disputa partidária possa encaminhar várias alternativas que têm que ter chancela política. Sem chancela política, obviamente não vai haver nenhuma solução. Mas a ideia básica é não tratar dos temas isoladamente, mas tratá-los no seu conjunto”, explicou o ministro do STF.

Outro tema da reunião com Sarney foi o reajuste dos servidores do Judiciário. Para o ministro, “há alguma coisa de errada” quando muitos servidores do Poder Legislativo ingressam na Justiça com solicitações de liminares para garantir que mantenham seus salários acima do teto do funcionalismo público, e os servidores do Judiciário têm reajuste negado. Para Mendes, deve haver uma unificação nos recursos humanos para que não haja mais essa assimetria.

“Acredito que chegou o momento de nós conversarmos. Mas não é possível encerrar o diálogo ou não encaminhar as propostas enviadas pelo Judiciário porque esse tipo de ação é inconstitucional”, declarou o ministro.

Apesar disso, as únicas propostas enviadas pelo Poder Judiciário para o Congresso Nacional tratam do reajuste salarial de magistrados e membros do Ministério Público. Não há propostas tramitando no Congresso prevendo reajustes para os servidores do Judiciário e do MP no Orçamento do próximo ano.

Edição: Lana Cristina