Comércio varejista nacional pode se beneficiar com efeitos da crise em outros países, avalia técnico do IBGE

11/08/2011 - 15h18

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – O resultado das vendas no comércio varejista, divulgado hoje (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indica que as medidas de restrição ao crédito adotadas pelo governo para conter o consumo, embora tenham impactado alguns setores mais sensíveis ao crédito, não foram suficientes para levar o setor a registrar taxas negativas. A avaliação é do gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, Reinaldo Pereira.

Segundo ele, embora a alta de 7,3%, no primeiro semestre do ano, tenha sido menor do que a verificada no mesmo período de 2010, que ficou em 11,5%, o resultado veio acima do esperado, sustentado pelo aumento na renda do trabalhador e pela manutenção do emprego. Na passagem de maio para junho, o volume de vendas cresceu 0,2%.

“Isso dá confiança ao consumidor para ir às compras. Mesmo com as medidas macroprudenciais, que atingiram setores específicos, mais sensíveis ao crédito, como pode ser o caso de móveis, eletrodomésticos e veículos, isso não foi suficiente para causar queda no comércio como um todo. Os números do comércio foram bons”, avaliou.

Pereira ressaltou, no entanto, que os resultados entre dois meses consecutivos podem variar, sem que isso signifique, necessariamente, uma tendência definida. O gerente de Serviços e Comércio do IBGE enfatizou ainda que a redução nos preços dos eletrodomésticos (de 5,8% em um ano) e de microcomputadores (6,1%), beneficiados pela desvalorização do dólar, e de aparelhos telefônicos (6,1%) contribuíram para a alta de 7,1% nas vendas varejistas, em junho, em relação ao mesmo mês de 2010.

Ele estima que a crise econômica internacional pode criar um ambiente de incentivo à ampliação do comércio varejista nacional. Para reduzir as consequências de um desaquecimento da demanda global na economia do país, o governo pode adotar medidas de estímulo ao consumo interno, na opinião de Pereira.

“A crise não deve ser tão forte como a de 2008. Mesmo assim, o que se diz é que os Estados Unidos vão entrar numa recessão e a Europa não vai ter o crescimento esperado, reduzindo a demanda, principalmente por commodities brasileiras nesses países. O Brasil, para não sofrer graves consequências, tem que se voltar para o seu mercado interno, para manter seu crescimento. E o governo pode reduzir juros e adotar outras medidas”, concluiu.

Edição: Lana Cristina