Complexo do Alemão começa a contar com sistema de mapeamento virtual

10/08/2011 - 18h12

Paulo Virgilio
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Os moradores do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, passam a contar a partir de hoje (10) com um sistema de mapeamento virtual especialmente concebido para comunidades até agora excluídas das plataformas de localização geográfica da internet. O Wikimapa, criado em 2009 pela organização não governamental (ONG) Rede Jovem, é um mapa virtual colaborativo, que pode ser alimentado por telefone celular ou pela rede mundial de computadores. Para isto, o interessado só precisa entrar no site www.wikimapa.org.br e criar um cadastro.

Já implantado no Complexo da Maré e nas comunidades de Cidade de Deus, Pavão-Pavãozinho e Santa Marta, o Wikimapa tem como meta no Alemão o mapeamento de 16 subcomunidades do complexo e de seu entorno. O projeto conta com as parcerias das operadoras de telefonia Vivo e Telefônica, que cederam aparelhos celulares equipados com GPS e tecnologia 3G.

Os aparelhos serão usados por jovens moradores do complexo, selecionados e capacitados pela Rede Jovem para atuarem como “wikirepórteres”. Caberá a eles as tarefas de percorrer as comunidades do Alemão, mapeando pontos de interesse, e de mobilizar outros moradores, ensinando a eles o uso da tecnologia.

“A ideia é fugir um pouco dos mapas que a gente vê, feitos de violência, e colocar no Wikimapa tudo de bom que há na comunidade, para que outras pessoas possam conhecer”, disse Natalia Santos, coordenadora da Rede Jovem e uma das idealizadoras do projeto. Segundo ela, o Wikimapa está criando uma nova cartografia, com o mapeamento de ruas que antes não estavam disponíveis nos sistemas de referenciamento geográfico mais populares da internet. “Não estamos fazendo o mapa da favela, mas colocando a favela no mapa”.

Também integrante da Rede Jovem e responsável pela coordenação técnica do projeto, Patricia Azevedo destaca a importância da participação social no mapeamento. “Se as comunidades não se apropriarem dessa tecnologia o projeto está fadado ao fracasso”. Segundo ela, até agora o projeto tem obtido resultados positivos e reconhecimento, tendo recebido no ano passado seis prêmios nacionais e internacionais pelas tecnologia e metodologia empregadas.

 

Edição: Aécio Amado