Como reação à crise, empresários aguardam redução de juros, reforma tributária e recursos do pré-sal

08/08/2011 - 9h07

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O presidente do Conselho Empresarial da América Latina, Ingo Plöger, disse hoje (8) que, para combater os impactos da crise financeira internacional sobre o Brasil, é necessário que o Comitê de Política Monetária (Copom) reduza os juros, na próxima reunião. Plöger defendeu também que o governo acelere as negociações em favor da reforma tributária e da distribuição dos recursos provenientes do pré-sal.

“Não tem como imaginar que não vamos sofrer os impactos da crise, os preços dos produtos receberão os efeitos, assim como a taxa de juros também. É preciso reagir”, disse Plöger à Agência Brasil. “O Banco Central e o governo têm reagido com agilidade e em curtíssimo tempo. A expectativa é que o Banco Central abaixe os juros e o governo defina por mais medidas de incentivos.”

Segundo Plöger, o momento é o ideal para o governo defender as medidas referentes à reforma tributária, incentivando a competitividade do empresariado que sente os efeitos da crise, e mais a distribuição de recursos advindos da exploração de petróleo na camada pré-sal. “O momento da crise é o ideal para a a reação. A situação é de prudência e ação”, sugeriu ele.

Exatamente como na última sexta-feira (5), as bolsas asiáticas voltaram hoje a registrar fortes quedas. Nem mesmo os anúncios feitos por países do G7 (grupo dos mais industrializados e desenvolvidos do mundo) e pelo Banco Central Europeu de investimentos acalmaram, até o momento, o mercado financeiro na Ásia e na Europa.

O índice Nikkei, do Japão, caiu 2,4%, enquanto a Bolsa da Coreia do Sul teve queda de 5%, e Hong Kong, de 4%. Os investidores ainda estariam preocupados com as perspectivas de crescimento global e com a questão da dívida nos Estados Unidos e Europa.

Ontem (7), o Banco Central Europeu informou que irá "implementar ativamente" um programa de compra de títulos de países da zona do euro para evitar mais um dia turbulento no mercado financeiro. Sem citar os países, o comunicado divulgado ontem, após a reunião, é direcionado à Espanha e Itália.

Porém, Plöger advertiu que, apesar dos esforços do Banco Central Europeu e os anúncios do G7 a semana no mundo será “tensa”. “Será uma semana de muita expectativa. Vamos ter de aguardar para observar as reações às medidas e aos movimentos das Bolsas de Valores e das moedas.”, disse ele.

Segundo o presidente do Conselho Empresarial da América Latina, os limites estão sendo testados. “É um momento que não é fácil. Como todos estamos interligados nesta grande família financeira, temos de estar todos atentos. No caso do Brasil, como disse o ministro Guido Mantega [da Fazenda], estamos navegando mais ao lado do que no meio desta crise”, disse Plöger.

Edição: Talita Cavalcante