Cuba: turismo político e social não escapa às dificuldades impostas pelo embargo econômico

01/08/2011 - 10h14

Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil

Havana - O turismo estrangeiro é a segunda principal fonte da economia de Cuba, perdendo apenas para as remessas de dinheiro de cubanos que vivem no exterior e à frente da exportação de níquel. Canadenses, espanhóis, italianos e mexicanos predominam entre os estrangeiros. O ideal é que o turista que for a Cuba leve euros ou dólares canadenses, pois se estiver com dólares norte-americanos poderá ter prejuízo.

Os cubanos se desdobram para transformar a visita dos estrangeiros em dias agradáveis, apesar das limitações de água, energia e comida. Porém, o turista que usar dólar trocará US$ 1 por 0,87 Cu - a moeda oficial cubana para estrangeiros. Há casas de câmbio por toda a capital Havana, que funcionam, em geral, das 10h às 16h.

Do Brasil para Cuba, não há voos diretos. As opções para chegar ao país podem ser o Peru, Panamá e México, onde há voos diretos. Ao desembarcar em Cuba, o turista estrangeiro esbarra na surpresa de que o país convive com duas moedas: a Cu, que é usada nas relações com os estrangeiros, e a local, cujo acesso a não cubanos é difícil.

Em Cuba, o visitante terá chance de viver dias de sol, tranquilidade e diversão. A segurança nas ruas de Havana é absoluta. Nem mesmo a ausência de energia e, portanto, postes apagados nas ruas, aterroriza. O mesmo ocorre nas demais cidades. Uma das mais procuradas pelos estrangeiros é Varadero – espécie de balneário com praias e serviços em nível internacional.  

Quem optar por ficar em Havana terá atividades todos os dias. A capital cubana guarda uma das belas e conservadas arquiteturas neoclássicas. O centro arquitetônico é Havana Velha, a região mais antiga da cidade, onde estão prédios centenários e que levam o estrangeiro a acreditar que o tempo parou nos anos de 1950 e 1960, época da Revolução Cubana. O local está sendo restaurado por Eusebio Leal, considerado o pai da arquitetura cubana.

Ainda em Havana há o tradicional Hotel Nacional, do qual se vê antigas mansões que foram abandonadas pelos donos e ocupadas posteriormente por moradores, seguindo ordens dos revolucionários, e o Hotel Habana Livre, que foi dominado pelos guerrilheiros. Quando se está lá há a sensação de que se faz parte da história.

Os restaurantes La Bodeguita del Médio e La Floridita eram os favoritos do escritor Ernest Hemingway, que ficava horas tomando um mojito (drinque feito com rum branco e hortelã) e escrevendo nesses locais. Ambos estão em Havana Velha e permanentemente lotados. Os dois lugares são simpáticos, têm construções de meados do século 20 e atraem pela história e as fotografias.

Em Cuba, homens com mais de 50 anos apreciam a guaybera, camisa tradicional com quatro bolsos na parte da frente, em linho ou algodão. O traje é considerado roupa de gala, substituindo o terno e a gravata. A guaybera pode ser comprada em Havana Velha ou nos hotéis do bairro de Miramar - considerado o mais requintado da capital.

Nas ruas de Havana, carros com mais de 40 anos de uso não indicam o tempo que têm de vida. Segundo os mecânicos e donos dos automóveis, as peças são repostas de forma adaptada: as novas são modificadas para que possam ser usadas nos antigos veículos. É raro se ver carros batidos e com a pintura destruída.

Os táxis estão por toda parte. Os mais simpáticos são os CocoTáxi – que funcionam com motor de motocicleta, abastecido com gasolina, e com uma proteção externa semelhante à casca de côco, daí o nome do transporte. Em média cobram Cu 10,00 para um tour por Havana. Passeiam pelo Malecón (a orla da capital), deixando o vento bater no rosto do passageiro e a sentir o cheiro de mar.

Os tradicionais charutos e runs cubanos também estão à venda em locais específicos. De acordo com especialistas, os charutos – chamados de “puros” ou “habanos” - devem ser comprados em lojas tradicionais. Os runs podem ser adquiridos em supermercados, lojas que vendem bebidas e no aeroporto de Havana. O mais tradicional é o Havana 7 Años.

Os preços para estrangeiros são cobrados em Cu e não na moeda local usada pelos cubanos. Um refrigerante, que pode ser nacional ou a Coca-Cola mexicana, custa em média Cu 2, 00; a garrafa de água (pequena)  sai a Cu 0,50; de um almoço com bebida é cobrado, em geral, Cu 16,00 e o famoso sorvete Coppelia (com duas bolas) sai a Cu 2,50 – em geral os sabores encontrados são chocolate, baunilha (ou amanteigado), goiaba e abacaxi.

*A repórter viajou a Cuba a convite do Instituto Internacional de Jornalismo José Martí, em Havana.//Edição: Graça Adjuto