Seis meses após temporal, região serrana do Rio ainda tem famílias vivendo em abrigos

11/07/2011 - 18h07

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Seis meses após a tragédia que atingiu municípios da serra fluminense, castigada por fortes chuvas, dezenas de famílias ainda vivem em abrigos provisórios, montados para atender quem teve a casa destruída ou interditada pela Defesa Civil. Os deslizamentos, enchentes e desabamentos provocaram a morte de mais de 900 pessoas em sete cidades.

Somente em Nova Friburgo, município que sofreu os maiores estragos e teve o mais elevado número de vítimas – 429 mortos – 17 famílias ainda ocupam uma moradia coletiva no bairro de Olaria. De acordo com a prefeitura, mais de 200 casas foram demolidas e mil estão interditadas, principalmente na região de Córrego Dantas, Campo do Coelho e Alto Floresta. Nesses imóveis os serviços de água e luz não foram restabelecidos, para evitar a volta irregular dos moradores, e os sinais da tragédia ainda são visíveis na área.

Na região central, a população diz que a situação foi totalmente normalizada. Ricardo Medeiros, morador do bairro de Olaria, afirma que, hoje, as ruas têm o movimento habitual, sem lixo, lama ou entulhos, que ficaram espalhados por toda a parte logo após a tempestade, as ruas têm hoje o movimento habitual. “Aqui no centro nem dá para perceber o tamanho da tragédia que o município viveu. Foi muito triste.”

Em Teresópolis, onde 392 pessoas morreram em consequência da tragédia, quem foi prejudicado pelo temporal reclama da lentidão do processo de recuperação. O agricultor Joel Alves, vice-presidente da Associação de Vítimas do município, diz que ainda não foi possível retomar a atividade de produção de mandioca e de banana, porque o acesso à sua propriedade, em Poço dos Peixes, continua muito difícil.

“Ainda é muito complicado chegar lá porque as estradas naquela região foram totalmente destruídas. A energia também não foi restabelecida”, lamentou. Segundo Alves, centenas de famílias cadastradas para receber o aluguel social, no valor de R$ 500, ainda não receberam os recursos. Para ele, a demora deve-se a erros cometidos por funcionários da prefeitura no momento do preenchimento das fichas.

A prefeitura de Teresópolis explicou, no entanto, que os casos em que o pagamento não foi feito estão relacionados à perda de documentos ou a problemas de inadimplência dos beneficiários que, assim, não poderiam abrir contas bancárias para depósito do valor correspondente ao aluguel social. Para solucionar a questão, o município firmou acordo com a Caixa Econômica Federal para permitir a criação de contas com esse fim e agilizar o pagamento.

De acordo com a prefeitura, 427 famílias estão recebendo o aluguel social em Teresópolis. Ainda há 52 pessoas vivendo em três abrigos na cidade.

Em Petrópolis, também castigada pelas chuvas de janeiro, 44 pessoas permanecem em um abrigo montado pela prefeitura. Até agora, 878 aluguéis sociais foram liberados pelo município para as famílias atingidas pelo temporal.

A Secretaria Estadual de Assistência Social informou que atendeu cerca de 7 mil famílias dos municípios da região serrana com recursos do aluguel social. De acordo com a secretaria, a verba destinada pelos governos federal e estadual para pagamento do benefício na região soma R$ 41 milhões.

Edição: Nádia Franco