Problema cambial não será resolvido em curto prazo, diz Fernando Pimentel

26/05/2011 - 13h00

Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – O problema da excessiva valorização do real ante o dólar não será resolvido em curto prazo e está fora do alcance da ação do governo. A afirmação é do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. De acordo com ele, o Brasil não tem como “escapar” do cenário internacional, marcado pela política monetária expansionista dos Estados Unidos, responsável pela elevação do real.     

“Não temos como inventar outro cenário. O problema do câmbio, que afeta de maneira muito aguda a economia brasileira, principalmente no setor industrial, não tem solução no quadro da nossa governabilidade interna. Nós vamos ter de conviver durante um tempo não previsível com o câmbio em que o real vai estar muito valorizado”, disse o ministro em encontro com industriais e sindicalistas.

Segundo Fernando Pimentel, para compensar a desvantagem de ter a moeda excessivamente valorizada, será necessária a implementação pelo país de uma política de defesa comercial ativa, “tudo o que for possível”, dentro das regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). Para contrabalançar o câmbio, o governo estuda também desonerar encargos de tributos e incentivar financiamentos para investimentos de inovação e competitividade.

“Eu acho que essas três ferramentas combinadas, com certeza superam bem o problema do câmbio, que é real e que nos afeta muito”, afirmou Pimentel. Ele destacou que as medidas de desoneração deverão ser anunciadas no início do segundo semestre.

Quanto à taxa de juros no país, o ministro disse que considera a Selic elevada, mas que o quadro econômico ainda não permite uma redução. Para ele, um cenário melhor deverá ser verificado no segundo semestre.

“Nós temos hoje ainda uma conjuntura com certa ameaça inflacionária. A taxa de juros está refletindo esse momento. É claro que tem que baixar, é muito alta, não tem sentido conviver tanto tempo assim com a taxa tão elevada”, acrescentou.

Edição: Graça Adjuto