Salário de trabalhador com deficiência sobe mais do que o da média de empregados

21/05/2011 - 12h37

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Embora o número de trabalhadores com deficiência tenha caído de 2007 a 2010, a remuneração dos que se mantiveram no mercado formal subiu mais do que a da média de todos os empregados do país. Segundo a Relação Anual de Informações Sociais (Rais), o salário médio das pessoas com deficiência subiu 38% no período, enquanto a média das remunerações cresceu 28%

Em 2007, os trabalhadores com deficiência ganhavam, em média, R$ 1.389,66 por mês. No ano passado, essa média subiu para R$ 1.922,90, uma alta de mais de R$ 530.

Já o salário médio do trabalhador brasileiro subiu menos de R$ 390 no período. Passou de R$ 1.355,89 para R$ 1.742, ficando R$ 180 abaixo do montante pago aos trabalhadores com deficiência.

Segundo o secretário nacional de Políticas Sociais da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Expedito Solaney, esse dado mostra que os trabalhadores com deficiência estão preparados para exercer cargos mais elevados dentro de empresas. “Isso é a prova cabal de que eles têm formação e, portanto, podem ganhar salários maiores”, afirmou ele à Agência Brasil.

Solaney disse que muitas empresas alegam que trabalhadores com deficiência não têm a mesma qualificação que os demais para não contratá-los. Com isso, deixam de cumprir a lei que determina que pelo menos 2% dos funcionários de companhais com mais de 100 empregados tenham algum tipo de deficiência.

A superintendente do Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência (IBDD), Teresa Costa d'Amaral, ressalta, porém, que muitas pessoas com deficiência bem qualificadas ainda não conseguem empregos, pois empresas oferecem vagas não compatíveis com sua formação. Segundo ela, companhias geralmente não contratam esses trabalhadores para cargos de supervisão ou chefia.

“A média da remuneração não explica a dificuldade que essas pessoas têm para encontrar uma vaga com seu perfil” complementou. "Gente com ensino superior completo não consegue um trabalho justamente por ter uma boa formação."

Edição: Juliana Andrade