Combate à mortalidade infantil é uma das prioridades para o Brasil dar um novo salto social, diz diretor do Inae

19/05/2011 - 20h01

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Priorizar as ações que diminuam a mortalidade infantil no país é, na opinião do economista Roberto Cavalcanti de Albuquerque, diretor técnico do Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), uma das principais condições para o Brasil dar um novo salto na área social até 2025.

Ele destacou que o país já obteve avanços significativos no combate à mortalidade infantil, que chamou de “um velho problema brasileiro". Nos anos 30 do século passado, a relação era de 160 crianças mortas para cada mil nascidas vivas até 1 ano. Hoje, o Brasil ainda tem uma taxa de mortalidade de 23 crianças para cada mil nascidas vivas, disse à Agência Brasil.

“A Organização Mundial da Saúde (OMS) aceita hoje como meta limite dez crianças para cada mil nascidas vivas. Esse é o objetivo que nós sugerimos seja atingido em 2025. Ou seja, uma redução anual de 5% na mortalidade infantil”. Cavalcanti afirmou que essa meta vai ao encontro do programa Rede Cegonha, lançado pela presidenta Dilma Rousseff, com investimentos de R$ 9,5 bilhões em quatro anos. “Esse projeto pode reduzir bastante a mortalidade infantil e ampliar a proteção à maternidade e à infância em geral”.

Outra meta a ser atingida é a educação. De acordo com Cavalcanti, que é especialista em desenvolvimento regional, é “inconcebível” que um país como o Brasil tenha hoje apenas 5% da população com escolaridade básica, isto é, 12 anos de estudo. “Estamos propondo que até 2025, esse percentual se eleve para um terço da população brasileira, ou seja, 33%”. Ressaltou que será impossível inserir o Brasil em um mundo que avança para a sociedade da economia do conhecimento e da informação se não houver no país investimentos em educação de qualidade. A realização dessa meta envolve um aumento da escolaridade também de 5% ao ano até 2025.

A redução da pobreza também foi destacada pelo economista do Inae como outra prioridade para que o país acelere o seu desenvolvimento social. O trabalho, segundo ele, deve envolver não só as famílias que não têm renda suficiente para atender as necessidades básicas, como a pobreza extrema ou indigência, referente ao conjunto de famílias cuja renda é insuficiente para as necessidades básicas de alimentação.

Em 2009, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), a proporção de pobres no Brasil chegou a 22% da população. A ideia é reduzir para 10%, “o que é uma meta razoavelmente fácil, se houver um determinado ritmo de crescimento econômico”.

No caso da pobreza extrema, que em 2009 representava 5,2% da população, a sugestão é que a taxa seja reduzida para 1% em 2025, englobando 1,8 milhão de pessoas. Cavalcanti considera plenamente viável que o Brasil realize essas e outras metas ligadas à redução da desigualdade e ao aumento do emprego e da inclusão digital. “Nós já avançamos muito, sobretudo nos índices relacionados à pobreza. Já sabemos o caminho a percorrer. O que é preciso é manter um certo nível de crescimento”.

O economista observou que entre 1900 e 1980, o Brasil cresceu 6% ao ano. “Nada impede que nos próximos 15 anos o Brasil volte a crescer mais aceleradamente. Há condições para isso. É preciso, contudo, atuar em certos setores, entre os quais aumentar a poupança, reduzir o déficit público”. Todas essas medidas são viáveis, disse. Ele acrescentou que o Brasil pode crescer 7% ao ano na média, até 2025.

Pelo consenso dos economistas, e levando em conta as condições atuais, o crescimento do Brasil vai atingir em torno de 4% este ano, em média, o que deverá ser o nível de expansão da economia mundial. “Nós precisamos crescer mais, para ganhar espaço no desenvolvimento e para resolver as dificuldades da sociedade”, concluiu o diretor do Inae, que participou hoje (19) do 23º Fórum Nacional, no Rio de Janeiro.

 

Edição: Aécio Amado