Ivan Richard
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, confirmou hoje (3) que participou das discussões em torno da mudança da presidência da Vale, mas que isso se deu de forma institucional. Durante audiência pública no Senado, o ministro defendeu que o processo ocorreu de acordo com o que rege o estatuto da empresa e conforme os interesses dos acionistas, sem a interferência do governo.
Mantega negou ainda que tenha havido ingerência do governo na substituição de Roger Agnelli por Murilo Pinto Ferreira. Ele ressaltou que o governo é o principal interessado no sucesso da companhia mineradora. “Foi uma mudança completamente natural. Todas as empresas passam por mudança de diretores e presidentes periodicamente. O senhor Rogério Agnelli ficou dez anos à frente da empresa, o que é mais do que a média das empresas de mineração ao longo do mundo”, argumentou o ministro.
“O governo gosta que a Vale seja bem-sucedida, porque se ela dá lucros cobramos nossos impostos e isso vem para a população brasileira também. Por isso, quanto mais bem-sucedida melhor. Ela traz bons rendimentos para os seus acionistas dos quais estão a Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ), que possuiu 49% das ações, e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que possuiu quase 9% das ações. Portanto, somos os primeiros interessados no sucesso da Vale”, disse Mantega.
De acordo com o ministro da Fazenda, embora a Vale seja uma empresa privada, ela detém capital público e também é de grande importância na econômica do país, o que torna natural que o governo acompanhe mudanças em cargos-chave da empresa.
“A Vale tem uma importância estratégica no Brasil. Embora seja privada, e assim tem que permanecer ao nosso juízo, tem uma participação pública e é natural que o ministro da Fazenda se interesse e se preocupe com o destino que está sendo dado a essa empresa. Foi o que aconteceu por ocasião dessa mudança que está havendo na direção da empresa”, disse o ministro.
A escolha do novo presidente, reforçou o ministro, ocorreu dentro da legalidade e seguindo as recomendações dos seus acionistas. “Os acionistas resolveram fazer uma mudança na direção. Acompanhei esse processo de perto, conversei com os acionistas, conversei várias vezes com a Previ, que preside o Conselho de Administração, e quero dizer que o processo foi absolutamente dentro do que rege no estatuto da empresa”, afirmou.
Edição: Talita Cavalcante