Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Um ato público contra o descaso das autoridades estadual e municipal com a situação de milhares de pessoas que perderam suas casas no temporal que atingiu Nova Friburgo, na região serrana fluminense, reuniu hoje (12) cerca de 400 pessoas que saíram em passeata da Praça Dermeval Barbosa até a sede da prefeitura. O temporal ocorreu em janeiro, causou a morte de mais de 400 pessoas no município e destruiu centenas de casas deixando seus moradores ao desabrigo.
A manifestação foi organizada pelo Fórum Sindical e Popular de Nova Friburgo e o seu coordenador, Edil Nunes, afirmou que a prefeitura não vem respondendo aos anseios da comunidade. “Basta percorrer os bairros periféricos para perceber que o trabalho da prefeitura limitou-se a limpar as ruas e jogar a lama que desceu com a enxurrada para os cantos das vias. As obras emergênciais necessárias não foram feitas até agora, apesar dos R$ 410 milhões liberados pelo governo federal”.
Na avaliação de Nunes, durante toda a fase crítica da tragédia a atenção foi maior para os empresários e seus prejuízos em detrimento da população desabrigada. “A realidade é que, até hoje, decorridos 90 dias da tragédia do dia 12 de janeiro, grande parte dos desabrigados está sem receber o aluguel social. Nós temos 7 mil desabrigados e apenas 2.300 aluguéis sociais liberados. Nos abrigos as vítimas continuam sem perspectivas de receber casas para morar”.
Ele informou que muitas pessoas cansadas de esperar pelas moradias prometidas estão voltando para suas casas em áreas condenadas pela Defesa Civil. “Isto já está acontecendo e em bairros que foram praticamente destruídos como o Jardim Califórnia, o Alojamento Floresta e no Córrego Dantas, que estão entre os bairros mais atingidos”, disse.
Nunes está preocupado com os cerca de R$ 400 milhões prometidos pela presidente Dilma Rousseff para a construção de 3 mil unidades residenciais para os desabrigados no âmbito do programa Minha Casa, Minha Vida. “Estes recursos estão condicionados a apresentação de projetos e correm o risco de não sair do papel, uma vez que a prefeitura não apresentou ainda nenhum projeto neste sentido e sequer desapropriou os terrenos necessários à construção das residências”.
A reportagem da Agência Brasil tentou falar com o secretário municipal de Comunicação, David Macena. Por meio da secretária Janayna Saade, Macena rechaçou as acusações de que a prefeitura de Nova Friburgo esteja paralisada e que não vem fazendo nada para ajudar a população desabrigada.
Segundo ele, não se conserta uma cidade uma cidade em 90 dias. “Nós enquanto órgão público estamos ansiosos pelo repasse das verbas, porque o dinheiro que veio até agora foi destinado às ações emergenciais e não pode ser usado em obras – é proibido. E ações emergenciais significa fazer o fluxo da cidade voltar ao normal. É tudo muito burocrático”.
Ele garantiu que os projetos estão sendo elaborados e que, inclusive, a prefeitura já convidou todos os sindicatos para uma reunião – que ainda não aconteceu – para mostrar tudo o que já foi feito e o que ainda se pretende fazer.
Edição: Aécio Amado