Temas econômicos e comerciais dominam conversa de Garcia com embaixador iraniano

03/01/2011 - 20h23

Luciana Lima e Ivan Richard
Repórteres da Agência Brasil

Brasília – Em conversa com o embaixador do Irã no Brasil, Mohsen Shaterzadeh, o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, chegou a tentar incluir o tema dos direitos humanos, mas o máximo que conseguiu foi o que ele chamou de uma “reação filosófica”.

“A reação foi filosófica e chegamos à conclusão de que essa é uma discussão interessante e que devemos continuar a fazê-la. Eles tomaram nota. Em linguagem diplomática, quando se toma nota é uma boa coisa”, disse o assessor, depois de reunião que ocorreu hoje (3) à tarde, no Palácio do Planalto.

A provocação do assessor brasileiro foi motivada pelo caso da viúva iraniana Sakineh Ashtiani, condenada à morte em seu país. “Abordei o fato de que havia na sociedade brasileira uma sensibilidade muito grande para os temas relacionados com os direitos humanos. Mencionei o fato que tínhamos sido exitosos em algumas demandas, mas que sempre o que caracterizava a posição brasileira, não só em relação ao Irã, mas em relação a qualquer outro país, é a tentativa de uma combinação entre direitos humanos e o respeito à autodeterminação dos países”, detalhou Garcia.

A conversa com o embaixador iraniano, de acordo com ele, foi focada em temas econômicos e comerciais. “As relações [comerciais] têm tido progresso e trocamos opinião sobre a situação internacional”, disse Garcia, acrescentando que o acordo sobre o uso de energia nuclear costurado entre o Brasil, a Turquia e o Irã também foi abordado no encontro.

Os dois falaram também sobre o Oriente Médio. O Brasil defende a coexistência do Estado de Israel e do Palestino, posição contrária à do Irã, mais alinhada ao radicalismo islâmico. “Mencionei a importância que teve a decisão do Brasil de reconhecer o Estado Palestino. Vários países seguiram a decisão do Brasil. Mas, para nós, era de fundamental importância que a questão palestina fosse resolvida não só pela coexistência dos dois Estados, o de Israel e o Palestino. Sabemos que não é [essa] exatamente a posição do Irã”.

Garcia defendeu uma união maior entre o povo palestino. “Sem essa união, dificilmente haverá um acordo que consagre a tese que é cara ao Brasil, da existência de um Estado de Israel com fronteiras seguras e de um Estado Palestino com fronteiras seguras e economicamente viável”, explicou.

Edição: Lana Cristina