Dieese prevê que 2010 será ano de maior aumento real do salário de várias categorias

17/09/2010 - 21h56

Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Os aumentos salariais obtidos pelos trabalhadores em 2010 deverão ser os maiores desde que o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) iniciou sua série histórica, em 1996. A afirmação é do coordenador de Relações Sindicais da entidade, José Silvestre Prado de Oliveira.

No primeiro semestre, segundo o Dieese, 97% das 290 negociações registradas conquistaram reajustes salariais iguais ou acima da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O desempenho foi melhor que nos anos de 2008 e 2009, quando o percentual de negociações com reajustes iguais ou superiores ao índice foi, respectivamente, 87% e 93%. A estimativa, agora, é que o resultado, para os trabalhadores, seja ainda melhor.

“Vide os acordos que ainda são feitos com montadoras, com ganhos reais que superam a inflação. Há uma expectativa de que, em 2010, não apenas no segundo semestre, mas, quando nós fecharmos o ano, teremos, muito provavelmente, o melhor ano da série”, afirmou Silvestre.

De acordo com o coordenador, o resultado pode ser explicado pela conjuntura econômica favorável, com baixa inflação, maior massa salarial, aumento do emprego e previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em torno de 7%.

“Além disso, você teve também tem, no segundo semestre do ano, a data-base de algumas categorias fortes, como bancários, petroleiros, metalúrgicos, químicos, que são categorias com poder de negociação e poder de barganha. Esses são, normalmente, os acordos tidos como referência pelas outras categorias”, ressaltou.

Três das principais categorias de trabalhadores do país, bancários, metalúrgicos e petroleiros estão em pleno processo de negociação salarial. Até o momento, parte das propostas apresentadas representam ganhos reais aos trabalhadores.

A Federação Única dos Petroleiros (FUP), ligada a Central Única dos Trabalhadores (CUT), analisa a proposta da Petrobras, que representa um ganho real de 3,6% a 4,7%, de acordo com a faixa salarial. Quatro dos seis grupos do ramo metalúrgico fecharam acordo com as fábricas de 9% de aumento salarial, mais do que o dobro da inflação do período, de 4,2%. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, este é o maior aumento real nos últimos dez anos. Já os bancários vão receber a proposta das instituições financeiras no próximo dia 22.

Edição: Lana Cristina