Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A adoção de softwares livres, programas de computador que podem ser usados gratuitamente, possibilitou uma economia de R$ 380 milhões ao governo federal até 2008. Segundo o coordenador do Programa de Software Livre do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), Paulo Pastore, nos últimos dois anos, essa economia pode ter dobrado.
“É um dinheiro que pode ser investido em outras áreas, na construção de hospitais, escolas, ou também pode ser reinvestido na contratação de mais gente para as áreas de tecnologia do governo”, avalia.
O tema começou a ser discutido hoje (18) no 3º Congresso Internacional Software Livre e Governo Eletrônico, que reúne mais de 5 mil pessoas em Brasília. O evento vai até a próxima sexta-feira (20).
Outra forma de o governo economizar com tecnologia da informação é a computação em nuvem, ou cloud computing, que permite o acesso de arquivos e programas remotamente, por meio de uma rede. Segundo Pastore, um dos usos possíveis dessa tecnologia ocorre no recebimento das declarações do imposto de renda pela Receita Federal.
“Todos os anos, quando chega a época da entrega do imposto de renda, a gente tem uma grande necessidade de servidores, então temos que comprar ou realocar cerca de 30 servidores. A ideia é que, em vez de termos 30 servidores só para imposto de renda, que na outra parte do ano vão ficar ociosos, vamos ter uma nuvem com 100 servidores. Os serviços que tiverem pico vão ocupar a parte que está ociosa, independentemente de ser um servidor dedicado apenas para imposto de renda, vários serviços vão estar rodando lá”, explica o representante do Serpro.
Para a coordenadora do Programa de Engenharia de Computação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), Karin Brietman, o país está avançado do ponto de vista do desenvolvimento de tecnologia para a computação em nuvem, mas ainda falta rapidez de inovação, tanto na formação de pessoas hábeis para trabalhar com essas novas tecnologias como na criação de empresas que funcionem de maneira mais ágil no mercado.
Segundo ela, o maior gargalo ainda é o acesso à banda larga. “Mas imagino que o Plano Nacional de Banda Larga vai ser o divisor de águas, vamos ter uma infraestrutura tecnológica que realmente dê conta de suportar a mudança de todos os softwares para um modelo de nuvem”, avalia.
O presidente da Telebras, Rogério Santanna, também participou do evento e disse que a implantação do Plano Nacional de Banda Larga será fundamental para a adoção da computação em nuvem no país. “A possibilidade de compartilhar as informações não é possível sem dispor de uma infraestrutura adequada.”
A meta de levar a conexão em alta velocidade a 100 cidades ainda este ano está mantida, segundo Santanna, mesmo com o atraso da publicação dos termos de referência para os editais de licitação para contratação de serviços e equipamentos necessários para dar início ao projeto.
Ele disse que o edital deve ser publicado até o fim deste mês e que, até o fim de setembro, a licitação deverá estar concluída. “O edital é de uma grande complexidade e é importante a gente gastar muito tempo melhorando a qualidade do edital para evitar depois problemas e discussões jurídicas em torno dele”, afirma.
Edição: Lílian Beraldo