ONG quer aprofundar debate no Brasil sobre mídia para crianças e adolescentes

13/06/2010 - 20h00

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Cerca de 1,5 mil representantes de 80 países discutem a partir de amanhã (14), na Suécia, o problema da erotização precoce de crianças e adolescentes e o crescimento na era das mídias interativas, entre outros temas. A Cúpula Mundial sobre Mídia para Crianças e Jovens será realizada na cidade de Karlstad até a próxima sexta-feira (18).

O Instituto Alana, organização não governamental (ONG) fundada em 1994, é uma das instituições brasileiras que participarão do encontro. A coordenadora-geral do projeto Criança e Consumo da ONG, Isabella Henriques, disse que, após o evento, trará ao Brasil as novas iniciativas adotadas por outros países, principalmente no que diz respeito à educação para a mídia, sobretudo a voltada ao público infantil.

Isabella afirmou que ainda há muita coisa a ser feita na área. Segundo ela, apesar de algumas iniciativas isoladas, não existe no país, de forma padronizada e organizada, o ensino da educação para a mídia. “Isso ocorre em algumas escolas, são iniciativas feitas por professores. Existem algumas legislações neste sentido, mas a gente não tem de fato um estudo mais avançado em relação a esse tema.”

Este ano, foi aprovado o primeiro curso de graduação em educação para as mídias, na Universidade de São Paulo (USP). “Nós temos muito a caminhar e avançar em relação a esse tema específico de educação para as mídias”, reforçou a coordenadora.

O Instituto Alana é a única ONG brasileira que participará da quarta edição do Congresso Internacional Consumo, Criança e Adolescente 2010. O encontro será realizado na cidade de Norrköping, também na Suécia, no período de 21 a 23 deste mês.

Isabella Henriques espera que os dois eventos possam contribuir para a discussão sobre a comunicação feita para crianças, visando a aumentar a qualidade. Segundo ela, muitos países desenvolvidos não permitem a publicidade voltada ao público infantil sobre produtos com alto teor de gordura, sal e açúcar, por exemplo.

“No Brasil, quando essa discussão aparece, é muito mesclada com discurso de liberdade de expressão, com cerceamento, com censura. Ainda temos muita coisa para fazer no âmbito nacional sobre a comunicação voltada ao público infantil.”

O projeto Criança e Consumo visa a despertar na sociedade uma consciência crítica em relação aos malefícios da comunicação mercadológica destinada às pessoas com menos de 12 anos de idade.

Edição: Juliana Andrade