Parlamentares brasileiros e suíços discutem política externa

11/05/2010 - 22h34

Luiz Antônio Alves
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Mais do que uma simples visita de cortesia, o encontro entre parlamentares da Suíça e da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, na tarde de hoje (11), tornou-se uma oportunidade para a troca de impressões sobre os investimentos, a economia e a política dos respectivos países.
 

O polêmico programa nuclear do Irã, por exemplo, que desperta suspeitas no mundo devido à possibilidade de estar sendo utilizado para a produção de armamentos e tornou-se um dos temas prioritários da política externa brasileira, foi um dos muitos assuntos discutidos no encontro.

Liderados pelo senador Rolf Schweiger, os parlamentares suíços explicaram que cinco usinas nucleares são utilizadas pelo seu país exclusivamente para a produção de energia elétrica. No entanto, o parlamento suíço não aceita o programa iraniano da maneira como vem sendo conduzido pelo presidente Mahmoud Ahmadinejad, principalmente devido ao fato de o Irã não permitir a supervisão direta da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea).

O presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, deputado Emanuel Fernandes (PSDB/SP), explicou aos parlamentares suíços que o Brasil possui uma tradição internacional de negociador, papel assumido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do Irã. "É um homem bastante sagaz e saberá, após a visita ao Irã nos próximos dias 15 a 17, se deve continuar ou interromper o papel de mediador que vem exercendo para resolver a crise que envolve o programa nuclear iraniano".

Os parlamentares suíços também quiseram saber se as eleições podem influir na política externa brasileira. A explicação ficou a cargo do deputado Arnaldo Madeira (PSDB/SP), convidado a participar do encontro. Segundo o deputado, a crítica que os parlamentares oposicionistas fazem à política externa brasileira é ao seu aspecto ideológico.

"No caso específico da política externa", disse o deputado, "há diferenças marcantes entre o governo anterior e o atual. José Serra, candidato do PSDB à Presidência da República, inclusive, já comentou a necessidade de rever os marcos que originaram o Mercosul, por conta da necessidade de o Brasil avançar nos acordos bilaterais. Do ponto de vista da prática do governo, provavelmente haverá posturas diferentes na política externa dependendo de quem vencer as eleições, José Serra ou Dilma Rousseff".

Os parlamentares suíços perguntaram quais os efeitos da crise econômica mundial sobre a política interna brasileira. Coube ao deputado Dr. Ubiali (PSB/SP), presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara, explicar que a crise representou um efetivo teste à capacidade do governo do presidente Lula de conduzir a economia em momentos de grande tensão internacional.

Segundo o deputado, "o governo anterior havia enfrentado sucessivas crises: a da Ásia, em 1997; a da Rússia, em 1998; a crise cambial brasileira, em 1999, etc. O governo atual não havia sido, ainda, testado pela ocorrência de uma crise grave. Com a superação dos efeitos da crise econômico-financeira recente, este argumento perdeu a sua força".

 

 

Edição: Rivadavia Severo