Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Como forma de evitar a alta volatilidade do preço do álcoolcombustível, agravada nos últimos meses pela oferta apertada doproduto, o país deve formar, este ano, um grande estoque regulador.Para financiar a formação desses estoques, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve disponibilizarcerca de R$ 2,5 bilhões, informou à Agência Brasil o ministroda Agricultura, Reinhold Stephanes.“A partir de abril ou maio omercado deve se regularizar e acredita-se que venha a sobrar etanol,mesmo que a demanda de açúcar continue forte e que haja a possibilidadede fazer a estocagem, porque deve haver excesso de produção”, afirmou.Segundo o ministro, as chuvas que prejudicaram acolheita e a qualidade da cana-de-açúcar no final de 2009 contribuirãopara uma produção recorde este ano.Em 2009, os recursos paraestocagem já haviam sido ofertados pelo BNDES, mas não houve sobra deetanol. Na época, o montante era suficiente para financiar oarmazenamento de aproximadamente 5 bilhões de litros de combustível, oequivalente a mais de três meses de consumo. “É bom ter essamargem. Neste momento, não é que está faltando álcool, mas como amargem está muito apertada, quando a oferta e a demanda estãoextremamente ajustadas, o preço às vezes sobe 20% ou 30%”, afirmouStephanes. Atualmente, de acordo com dados da Agência Nacional doPetróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), apenas no estado de MatoGrosso é vantajoso abastecer os carros flex com etanol. Há seis meses,quando o preço atingiu um patamar de equilíbio, segundo os própriosrepresentantes do setor, após depreciação em consequência da crisemundial, o combustível era competitivo em 21 estados e no DistritoFederal. Assim como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro disse que o setordeve se planejar para que a situação atual não se repita. “Tem quehaver compromisso. O mercado interno é quem sustenta a indústria doetanol, e há um consumidor a quem se deve lealdade. Quando o preço sobeacima do adequado, significa que não se está sendo muito correto com ocliente. Claro que nesse caso houve um fenômeno anormal que foi oexcesso de chuvas no período, mas de qualquer forma, deve-se planejarpara evitar isso no futuro.”De acordo com Stephanes, osfinanciamentos para estocagem devem ser liberados apenas no segundosemestre, com a condição de que os preços tenham retornado a um níveladequado, quando na maioria dos estados seja vantajoso abastecer cometanol. Outras medidas que também podem reduzir as oscilações novalor do combustível, segundo o ministro, são a regulação do mercado nosentido de consolidar as compras futuras, com prazos de até dois anos,para que haja uma certa garantia no preço de fornecimento, e aliberação da alíquota para importação de etanol, atualmente em20%.“Nesse momento, por exemplo, tudo indica que, ao preço que chegou, compensaria importar. Euacho que deveria zerar a alíquota e, quando o preço atingissedeterminado patamar, o mercado importa”, afirmou Stephanes. Segundoele, essa medida também teria um “valor simbólico” no sentido de ajudarnas negociações internacionais para liberar mais o mercado de etanol. Essas questões serão discutidas, de acordo com Stephanes, na próxima terça-feira (26),em São Paulo, em uma reunião entre o ministro da Fazenda, GuidoMantega, representantes do Ministério da Agricultura e da União daIndústria de Cana-de-Açúcar (Unica).