Embaixador do Brasil no Suriname define ataque a brasileiros como selvageria

29/12/2009 - 16h39

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O governo do Brasilcobrou do Suriname alerta máximo para evitar que as novas ameaças abrasileiros, que estão em áreas de garimpo no país vizinho, seconcretizem. Em entrevista à Agência Brasil, o embaixador doBrasil em Paramaribo (capital do Suriname), José Luiz Machado eCosta, disse hoje (29) que o ataque aos brasileiros na véspera doNatal foram “atos de selvageria e de violência extrema”.Costa afirmou ainda quemulheres brasileiras sofreram estupros e outras violências na noitedo ataque. “Jamais minimizamos a gravidade de tudo o que ocorreu.Agora trabalhamos para administrar a crise e dar assistência àsvítimas e suas famílias”, disse ele, que negou haver xenofobiacontra os brasileiros no país vizinho. A seguir, os principaistrechos da entrevista do embaixador do Brasil no Suriname.Agência Brasil –A situação na região de Albina, a 150 quilômetros de Paramaribo,onde ocorreu a ataque a brasileiros, ainda é tensa?José Luiz Machado eCosta – A situação está se normalizando e, aos poucos, vaise estabilizar. Os brasileiros nunca tiveram problemas no Suriname.Sempre houve uma tolerância muito grande com os brasileiros. Quandoa embaixada perguntava quem queria voltar, não havia demonstraçõesde interesse.ABr – O que houve,então, em Albina? Por que ocorreu o ataque no último dia 24, quandoum grupo de estrangeiros, incluindo brasileiros, foi atacado porquilombolas surinameses, deixando feridos e desaparecidos)?Costa – Aquelaé uma área delicada, onde vivem os “marrons”, os quilombolaslocais, que têm regras próprias e não admitem a presença deestranhos. Brasileiros, chineses e javaneses se instalaram no local.Portanto, não é nada contra os brasileiros especificamente. Dequalquer maneira, estamos concluindo as negociações para fechar umacordo de regulação migratória para facilitar uma série de ações.ABr– Como aembaixada está reagindo a essas novas denúncias de ameaças emoutras áreas de garimpo?Costa –Comunicamos imediatamente o governo do Suriname, que logo tomouprovidências: foi reforçado o policiamento em todas as regiões degarimpo no país e a cobrança interna e externa é imensa. Adificuldade é que a atividade do garimpo de ouro é ilegal e, aliadoa isso, os que atuam nela não têm documentos nem sãoidentificados. ABr – Hádenúncias de que pelo menos 20 mulheres foram estupradas na vésperado Natal. Oficialmente não se comenta sobre isso. Houve estupros?Costa - Jamaisminimizamos a gravidade de tudo o que ocorreu. Agora trabalhamos paraadministrar a crise e dar assistência às vítimas e suas famílias.O que houve no dia 24 foram atos de selvageria e violência extrema.ABr - Também háinformações de que sete pessoas estão desaparecidas, inclusivebrasileiros. Por que a negativa oficial?Costa –Enquanto não surgirem evidências concretas não se pode confirmarque há brasileiros entre os supostos desaparecidos. Essa hipótesefoi levantada pelo padre José Virgílio da Silva [ele dirige arádio Katolica e foi um dos primeiros a dar assistência àsvítimas], que tem boas intenções e cobra respostas ao ataque.Confiamos nas investigações em curso e também aguardamos asconclusões das apurações. A polícia do Suriname está sendocobrada interna e externamente.