Pesquisa mostra que professores usam apenas recursos mais simples do computador

27/12/2009 - 11h25

Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Pesquisarealizada pela Fundação Victor Civita em 400 escolas de 13 capitais brasileiras mostra que os professores aindadão preferência aos programas mais simples, quando utilizam o computadorcom seus alunos. Para a metade dos entrevistados, o software maisutilizado é o de edição de texto, seguido por programas de visualizaçãode mapas (48%) e editores de apresentação. Segundo o estudo,falta preparo aos docentes para inserir as novas tecnologias de formaeficiente dentro de sala de aula. “A atividade mais realizada peloprofessor com seus alunos é editar, digitar e copiar conteúdos”, apontaa pesquisa.Para o professor do Laboratório de Novas TecnologiasAplicadas na Educação (Lantec) da Universidade Estadual de Campinas(Unicamp), Sérgio Amaral, o investimento feito pelos governos - federal, estaduais ou municipais – para equipar as escolas se tornam“uma estupidez” se não houver preparação dos professores para trabalharcom as tecnologias.“Não adianta nada instrumentalizar. Ocomputador já é uma realidade na escola, mas o problema fundamental éque o professor não utiliza o recurso como instrumento didático. Éínfimo o potencial que se está utilizando”, aponta o especialista. Segundo Amaral, afalta de preparo vem da base, os próprios cursos degraduação não preparam os futuros educadores para a tarefa. E a maioriados cursos oferecidos posteriormente, segundo ele, são “instrumentais”.“O que o professor precisa não é de um treinamento para dominar astecnologias da informática. Mas para aprender como usar esses recursos,qual é a didática por trás”, defende. Para Amaral, quando orecurso é mal utilizado acaba sendo apenas um gerador de despesas. “Umcomputador caro, vira um retroprojetor”. E essasubutilização tem impacto no aprendizado do aluno. “A criançajá tem contato com o mundo digital pelo celular, pelo videogame, naslanhouses. É preciso criar a aproximação desses sujeitos [professor ealuno]. Caso contrário, o desinteresse e o distanciamento continuamsistêmicos”, diz. O estudo aponta que apenas 28% das escolascontam com um professor orientador de informática. SegundoÂngela Danneman, diretora executiva da Fundação Victor Civita, responsável pela pesquisa, esse foio modelo adotado pelos sistema educacional brasileiro para introduzir eadministrar as tecnologias nas escolas. “Onde esse professorestá, o trabalho é melhor”, aponta Ângela. Mas ainda assim, emapenas 9% das escolas ele tem a função de formar outros professores. “Oimportante é garantir a formação de todos os professores, [o que vai] melhorar a utilização da tecnologia como ferramenta para a aprendizagemde todos os conteúdos”, indica.