300 casais de dez etnias fazem o primeiro casamento indígena coletivo do país

22/12/2009 - 18h20

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - O primeiro casamento coletivo indígena do país está sendo realizadohoje (22) na aldeia Mapuera, no município de Oriximiná, naregião oeste do Pará. A cerimônia reúne cerca de 300 casais e é promovido pela Defensoria Pública doestado e atende a um pedido feito pelos próprios indígenas, segundo a defensoria. Os indígenas pretendem, com o matrimônio, resolver pendências previdenciárias e ter acessoa pensões, aposentadorias, entre outros benefícios. Segundo a defensoria, essa foi a forma mais fácil que os indígenas encontraram para obterem a documentação necessária para ter acesso aos benefícios. Também contribuiu para a opção pelo casamento que a grande maioria dos mais de 1,2 mil índios que vivem na aldeia Mapuera declarar-se como evangélico, cujos membros têm um grande apreço pelo matrimônio. Todas as despesas relacionadas àscustas de cartório, para emissão das certidões de casamento, serãopagas pela Defensoria Pública estadual. Mais de 1,2 mil índios vivem naaldeia Mapuera e a grande maioria declara-se como evangélico. Apesar de se submeterem ao casamento nos moldes de uma cultura não-indígena, os noivos – que fazem parte de dez etnias diferentes, entre elas Wai Wai, Katwena, Tunayana e Caxuyana - usaram vestimentas conforme suas origens.Como muitos dos indígenas não falamo português, o que dificulta a relação com a previdência social, aFundação Nacional do Índio (Funai) fará a mediação com osórgãos do sistema público. Odefensor Mário Printes, que atuou como juiz na formalização doscasamentos, também estava caracterizado com ornamentos epinturas indígenas. Para ele, vestir-se dessa forma “é uma forma de respeitar os costumes dessas etnias”.Oriximiná está a cerca de 820 quilômetros deBelém. A viagem de avião do município até a aldeia de Mapuera levacerca de duas horas. O local é conhecido por suas belezas naturais epor abrigar mais de 50 cachoeiras.