Operadoras de cartões de crédito desrespeitam consumidor, segundo confederação de lojistas

17/12/2009 - 20h14

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - AConfederação Nacional de Diretores Lojistas (CNDL) divulgoucomunicado hoje (17) no qual afirma que a indústria de cartões decrédito está na contramão da economia, porque “ultrapassa todosos parâmetros plausíveis, locupletando-se à custa dosconsumidores e dos comerciantes”, apesar das críticas do própriopresidente da República e do Banco Central.

Assinadapelo presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Júnior, a nota lembra que,de acordo com balanço divulgado pelos próprios cartões, o lucro dosetor tende a subir entre 17% e 22% neste ano, com os 135 milhões decartões movimentando cerca de R$ 253 milhões, o que representaexpansão de 18% em relação ao ano passado.

Em quepese essa “saúde financeira”, Pellizzaro assegura que os jurosdo cartão de crédito não caem há nove meses, como atesta pesquisada Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administraçãoe Contabilidade (Anefac), divulgada ontem (16). Os juros permanecemem 10,68% ao mês, em média, o que dá 237,93% ao ano.

Opresidente da CNDL diz que não existe “explicação razoável”para que os juros do cartão de crédito continuem inalterados e láem cima, uma vez que a taxa básica de juros (Selic) esteve emprocesso de redução durante todo o primeiro semestre do ano e hácinco meses se mantém no patamar de 8,75% ao ano.

Pellizzarolembra também a queda nos índices de inadimplência, tanto depessoas físicas quanto de pessoas jurídicas, e menciona o esforçogovernamental na redução de impostos para combater, com vigor, os“efeitos nefastos” da crise econômica global. Enquanto isso,ressalta a ganância das empresas de cartão de crédito, que mantêma mesma linha de obtenção de altos lucros.

Além da“absurda taxa”, que varia de 4% a 5% em cada transação comdinheiro de plástico, Pellizzaro afirma que o lojista ainda tem quearcar com o aluguel das máquinas e, se quiser antecipar o pagamento,os juros podem chegar a até 6% ao mês. Como o comerciante repassaos custos, tudo isso vem embutido nos preços dos produtos.

Elesalienta também que os consumidores, obrigados a se curvar aos jurosmais altos do mundo, ainda caem na armadilha do crédito rotativo,parcelado pelo cartão e muitos não conseguem honrar seuscompromissos. E a implicação mais perversa, segundo Pellizzaro, éque o cidadão, enredado por essa situação, foca fora do mercado,sem movimentar a economia.. “O cliente é nosso maior patrimônio.Queremos ele de volta”.

Por causadesse quadro, o Movimento Lojista se une à Frente Parlamentar doComércio Varejista (203 deputados e 31 senadores) na defesa daregulamentação da indústria de cartões de meios eletrônicos depagamento, com vistas a pôr um basta nesse “inexplicávelprivilégio” que tanto mal causa à população, de acordo comPellizzaro.