Exame de medicina reprova 56% dos estudantes em São Paulo

15/12/2009 - 19h10

Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Maisda metade (56%) dos 621 estudantes de medicina que participaram do exame doConselho Regional do Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) este ano foram reprovados. A provaavalia anualmente desde 2005 o desempenho dos estudantes do sexto anode medicina de escolas de São Paulo. O exame não é obrigatório. Para ocoordenador do exame, Bráulio Luna Filho, o resultado é “decepcionante”e sinaliza deficiências no ensino médico. “É uma decepção você ter pessoasque depois de seis anos não conseguem ser aprovadas em uma prova que éde nível médio para fácil. O exame exige o mínimo que é preciso saberpara ser médico, resolver coisas simples”, explicou. No ano passado, areprovação foi ainda maior: 61%. Ao contrário do exame da Ordemdos Advogados do Brasil, que é pré-requisito para que o estudante dedireito possa atuar como advogado, a prova do Cremesp não é necessáriapara habilitar o médico ao exercício profissional. Cerca de 25% dosformandos participam do teste, o que para o Cremesp é considerado“estatisticamente relevante". O conselho defende que ele sejaobrigatório e tenha abrangência nacional. “Há projetos de leino Congresso Nacional para fazer essa mudança, mas o lobby das escolasmédicas é muito forte. É preciso entender que essa é uma questão desaúde pública”, afirma Luna Filho. Segundo ele, o exame foiinstituído depois que começou a crescer o número de denúncias aoConselho de Medicina. “No início queríamos fazer um estudo paradescobrir porque isso acontecia. Visitamos os locais onde estão osalunos e vimos que as condições de ensino são muito ruins”, diz.Lunadefende mais rigor na autorização desses cursos pelosministérios da Saúde e da Educação. “O MEC começou a endurecer afiscalização com a visita de uma comissão de especialistas àsinstituições. Mas isso não é uma política de estado, é de um ministro”,aponta. O processo de supervisão de medicina do MEC já fechou690 vagas em 17 cursos de medicina de todo o país. Eles tiveramresultados insatisfatórios em avaliações do ministério ou foramdenunciados à pasta pelas más condições do ensino. Entre os principaisproblemas verificados pela supervisão estão corpo docente com baixatitulação, inadequações do curso às diretrizes curriculares demedicina, falta de espaço para prática, além de laboratórios eequipamentos precários.