Disputa no Chile tem significado especial para Bachelet, dizem especialistas

15/12/2009 - 8h50

Renata Giraldi
Enviada Especial
Santiago (Chile) - A disputa no segundo turno entre os candidatos deesquerda e direita, marcada para janeiro no Chile, tem umaimportância especial para a presidente do país, MichelleBachelet, de acordo com analistas políticos. Bachelet perdeuo pai, o general de aviação Alberto Bachelet – quetrabalhou para o ex-presidente socialista Salvador Allende – emconsequência de torturas que ele sofreu na ditadura do generalAugusto Pinochet (1973-1990).Pelacultura chilena, o presidente da República não seenvolve direta nem publicamente na campanha de seu candidato. Noentanto, a mãe e o filho de Bachelet trabalharam em favor doex-presidente e candidato à Presidência, Eduardo FreiRuiz, da coligação de centro-esquerda Concertación– no início do ano, ele enfrenta nas urnas o candidato deoposição, Sebastián Piñera, decentro-direita da coligação Alianza. Nestas eleições,Piñera saiu na frente de Frei Ruiz com uma diferençade 14 pontos percentuais.Na últimasemana, Bachelet prometeu ainda que dará prioridade atéo final do seu governo à retomada do debate sobre cincoprojetos que estão no Congresso Nacional e que tratam daampliação dos direitos humanos e da revisão daLei de Anistia. Com minoria no Parlamento, ela pode terdificuldade em levar adiante sua proposta. Mas avisou que insistirána discussão.De acordocom especialistas, Bachelet é uma governante de metas erealizações. Antes de assumir o governo, ela ocupou osministérios da Defesa e Saúde do governo de RicardoLagos, também socialista. Foi a terceira presidente eleita dacoligação Concertación depois de Allende(1970-1973) – morto pelo golpe militar liderado por Pinochet.A eleiçãode Bachelet, em 2005, foi um é um marco para o Chile que temna sua memória 17 anos de uma das ditaduras mais temidas daAmérica Latina. Pinochet é acusado pelo desaparecimentode cerca de 3 mil pessoas.Separada,mãe de três filhos e agnóstica (sem religião), Bachelet éo símbolo da renovação em uma sociedadeconservadora e com mais de 90% da população católica.Tanto é que nas eleições deste ano os temas quedominaram os debates foram a legalização da uniãocivil entre pessoas do mesmo sexo, ochamado aborto terapêutico, mudanças na Lei de Anistia eoutros.