Sucessão de Bachelet ocorrerá apenas no segundo turno em janeiro

14/12/2009 - 6h38

Renata Giraldi
Enviada Especial
Santiago (Chile) - A sucessão da presidente do Chile, Michelle Bachelet, será resolvida apenas nos segundo turno das eleições presidenciais em 17 de janeiro. Ontem (13) à noite, foi anunciado o resultado das urnas que mostra a polarização de forças de direita e esquerda, com vantagem para a oposição.Entre os chilenos, a disputa entre as duas forças é muita intensa, uma vez que a memória de 17 anos de ditadura ainda é presente – o país ficou sob poder do ex-presidente e general Augusto Pinochet  de 1973 a 1990.A diferença de quase 14 pontos percentuais em favor do oposicionista Sebastián Piñera indica que a direita tem chances de voltar ao poder no Chile, depois de 20 anos de ocupação do Palácio de La Moneda (sede oficia do governo) pela esquerda.No primeiro turno, realizado ontem, saiu na frente o candidato de oposição e de centro-direita Sebastián Piñera (Alianza), com 44,23% dos votos, enquanto o governista e ex-presidente Eduardo Frei Ruiz (Concertación) obteve 30,5%. A diferença dos votos, de quase 14 pontos percentuais, foi uma surpresa para os aliados do governista, que admitiram esperar um índice menor.Antes do resultado final das eleições, Bachelet reuniu ministros e presidentes de partidos para articular as negociações com vistas ao segundo turno. Contrariando o hábito de tirar férias em fevereiro, a presidente informou aos mais próximos que não deverá se afastar neste período.A ideia de Bachelet é atrair o apoio e os votos para Frei-Ruiz dos outros dois candidatos de esquerda que não passaram para o segundo turno. De acordo com os dados das urnas, o independente Marco Henriquez Ominami obteve 19,39% dos votos, enquanto Jorge Arrate (da coligação Juntos Podemos Mais) conseguiu 5,86%.No entanto, as negociações são mais complexas do que parecem, indicam os especialistas. A escolha de Frei-Ruiz rachou a Concertación e provocou a candidatura de Ominami. Pessoalmente, Arrate afirmou ter simpatia pelo ex-presidente, mas alguns de seus correligionários são contrários à ideia.As eleições no Chile foram pacíficas e com poucos incidentes. Houve situações atípicas, como uma cédula localizada na escola onde Piñera votou. No Liceu Cervantes, junto com o voto foi encontrada uma nota de $ 1 mil (cerca de US$ 2,5). Um aposentado teve um enfarte em uma das zonas eleitorais da capital Santiago e um jovem foi baleado em outra.