Especialista questiona estudo que aponta pecuária como responsável por 50% das emissões brasileiras

14/12/2009 - 20h42

Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O professor doInstituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) e membro doPainel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) PauloArtaxo faz ressalvas ao estudo que mostrou a pecuária como responsável poraproximadamente 50% das emissões de gases de efeito estufabrasileiras.Na última semana,estudo realizado por membros da Universidade de Brasília (UnB), doInstituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da organizaçãonão governamental (ONG) Amigos da Terra – Amazônia Brasileiramostrou que a pecuária emite aproximadamente 1.000 milhões detoneladas (Mton) de gases de efeito estufa por ano, ante uma produçãototal no país de 2 mil a 2,2 mil Mton anuais.Para o pesquisador, oestudo apresentado incluiu na conta da pecuária asemissões advindas das queimadas para abertura de pastos. “Apecuária, em si, contribui diretamente com cerca de 17% dasemissões de gases de efeito estufa, de acordo com cálculos feitospelo Cena [Centro de Energia Nuclear na Agricultura da USP]de Piracicaba. Na verdade, não é correto incluir desmatamento daAmazônia no setor da pecuária, embora a gente saiba que essaatividade é um dos grandes vetores do desmatamento”, disse Artaxo.A pesquisa indicou trêsfontes principais de emissões de gases de efeito estufa pelapecuária: o desmatamento para formação de pastagens e queimadas davegetação derrubada; as queimadas de pastagens; e a fermentaçãoentérica do gado (gases produzidos durante a digestão dosalimentos). O estudo destacou que a maior contribuição da pecuáriaàs emissões se deve ao desmatamento para formação de novaspastagens na Amazônia.